Numa manhã de inverno, um turista brasileiro entrou numa estação de metrô em Estocolmo, capital da Suécia. Em tempo: a Suécia é uma nação escandinava com cerca de 10 milhões de habitantes – menor que o Rio Grande do Sul, portanto. Destaca-se pela economia altamente desenvolvida que, por consequência, garante uma excelente qualidade de vida aos seus cidadãos. Não por acaso, trata-se de um dos países com um dos menores índices de corrupção do mundo.
Mas de volta à Estocolmo: o brasileiro percebeu que as pessoas transitavam pela estação numa determinada ordem, respeito umas pelas outras e disciplina, principalmente na obediência às placas. No entanto, três situações em especial, lhe chamaram a atenção: a primeira é que não haviam lixeiras naquele local, mas também não tinha sequer um único pedaço de papel no chão. A segunda: havia uma banca de jornais e – acredite – não tinha um jornaleiro atrás do balcão. Quem se interessava por levar um periódico, colocava o dinheiro numa caixinha ao lado da pilha de jornais e saía com o seu exemplar embaixo do braço. Mas na terceira situação ele não resistiu: ao chegar na entrada do trem, num dos acessos giratórios estava escrito “passagem livre e gratuita”. Sem entender o que aquilo significava, aproximou-se do guarda que fiscalizava por ali e perguntou:
– Senhor, por que esse acesso é livre?
E ele respondeu:
– Essa é uma passagem destinada àquelas pessoas que não têm dinheiro para pagar a passagem. Se eventualmente, por algum motivo ou outro, esqueceu a sua carteira, o seu cartão; ou simplesmente não possui dinheiro algum, ela pode passar por ali…
Nosso conterrâneo, com a peculiar mentalidade que Deus lhe deu, retrucou:
– Mas e se a pessoa tiver dinheiro e ainda assim passar por essa catraca livre?
E o guarda, com toda a fidalguia de um nórdico europeu, devolveu-lhe a pergunta:
– E por que alguém faria isso? Qual seria o motivo?
O brasileiro ficou sem resposta, em silêncio e cabisbaixo, envergonhado porque imaginou essa situação no seu país de origem…. Atrás dele, havia uma fila de pessoas pagando o ticket antes de passar pelas catracas, enquanto que a do acesso livre permanecia completamente vazia. Ele entrou no trem e ficou refletindo o quanto o comportamento, dos latinos de um modo geral, anda na contramão de boa parte do povo europeu. Percebeu que uma das chaves para que se tenha um país desenvolvido são os valores que os seus cidadãos possuem, sendo a honestidade o mais importante deles. E que quando um povo é honesto ele se liberta.
Não é à toa que os países mais desenvolvidos do mundo são aqueles que investem pesado em educação: a mãe de todas as virtudes. O mundo se transforma a partir de pequenas condutas se uma sociedade consciente e praticante de valores formar melhores cidadãos. Ninguém precisa de dinheiro para ser ético e correto. E isso sim, pode modificar o mundo. Se a palavra da moda é ‘legado’, a honestidade deve ser a maior delas.
Hoje, o Brasil e seus vizinhos da América Latina relegaram grande parte dos seus valores para um segundo plano, oprimidas pelo poder, pelo egoísmo e pela corrupção. A governança do nosso país está nas mãos de uma tirania consorciada pelos três poderes. A preocupação da presidência da república e seus súditos é única e exclusivamente em montar o linchamento do antecessor. Nada mais importa. Não há fome, não há desgraça, não há violência, não há desemprego no país. Há sim, uma ideia fixa e uma obsessão por um inimigo invisível, que já não está mais no poder há algum tempo e nem estará tão cedo graças à milícia eleitoral do STF.
Aprende Suécia!!! Sofre povo brasileiro!!!
Daniel Andriotti
Publicado em 1/3/24