O extraordinário mundo dos negacionistas

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Sou um “ser político” por natureza. Quando criança, ficava ligado nas conversas do meu pai sobre política. Prestava atenção no que ele ouvia no rádio ou lia nos jornais. Naquela época, morávamos ao lado do Cine Gomes Jardim. Ah!… Lembro dos artesanais e saborosos sorvetes do “Bar do Cinema”, entre a prefeitura e a casa da “sétima arte”. Eram magníficos! Sem falar no Crush e na Grapette.

Trago, na memória, resíduos de imagens de comícios na frente do cinema. Empoleirado no muro, assisti muita história passar. Colecionei pregadores da campanha do “Lote” (1960), que era uma espadinha. Sim!… Também colecionei o do Jânio que era uma vassourinha. Imaginem!

Recordo, com muitos detalhes, do movimento da Legalidade. Era um adolescente! Ouvia, no rádio, o Brizola falando para os gaúchos diretamente dos porões do palácio Piratini. Ficava impressionado! Fui até conhecer o “Mata Borrão”, em Porto Alegre, que se tornou um quartel general da resistência democrática. As incríveis imagens de jovens se alistando para defender a democracia não morrem.

Dando um pulo na linha do tempo, deixando de lado as lembranças, chego ao século XXI, numa nova era, onde fomos surpreendidos por uma pandemia, a Covid-19, que promoveu situações talvez impensáveis em nossas vidas. Nesse pandemônio, emergiu, das entranhas da humanidade, com toda força, o negacionismo. Um clássico deste “movimento” é a negação do holocausto. O destaque do novo milênio é a desqualificação das mudanças climáticas.

O terraplanismo, que propaga a tese da Terra plana, é uma teoria conspiratória baseada em algumas passagens da Bíblia. O que é uma pérola do negacionismo. Negam que astronautas tiveram na lua. Dizem que as fotos da Terra redonda não passam de montagens. O que é isso?! Vejam só! Há 350 a.C, Aristóteles falava que a Terra era um globo.

Tom Nichols, especialista do Senado americano em questões de estratégia, autor do livro “A morte da competência”, afirma que o populismo tem importante papel nesta teia. Já Diana Barbosa, da Comunidade Céptica Portuguesa (Comcept) afirma: “Muitos dos negacionistas e conspiracionistas são pessoas que estão numa situação de isolamento social e desconfiam da autoridade, dos governos e da sociedade em geral. Encontram nestes movimentos o seu grupo, a sua família e a sua tribo.” É um pertencimento!

Fazendo um link com a pandemia, o negacionismo passou de hilário para catastrófico. A partir do momento que as teorias conspiratórias afirmaram que o vírus foi criado por “inimigos” e, pior, que colocaram chips nas vacinas, induziu muitos a não se vacinarem. Até o “presidente”, que deveria comandar a “guerra contra a doença”, disse que, quem tomasse a vacina, poderia virar jacaré. Inacreditável!

“Eles” difundiram barbáries sobre a pandemia, vacinas e “remédios mágicos”, além de desqualificar a ciência. Por fim, o meu “ser político” destaca que é preciso ter um olhar crítico sobre tudo o que aconteceu, entender esse “extraordinário mundo dos negacionistas”, o que alimenta essas teorias conspiratórias e o movimento antidemocrático na “nossa Pátria”. A história desvendará a verdade!

“Tudo crer é de um ingênuo. Tudo negar é de um tolo.” (Jean-Jacques Rousseau)   (#VIVAADEMOCRACIA!)

Túlio Carvalho

tulioaac@gmail.com

Publicado em 04/11/22

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