E aqueles que não querem se vacinar?

0
COMPARTILHAMENTOS
68
VISUALIZAÇÕES

Estamos preparados para lidar com o preconceito contra aqueles que não querem se vacinar? É interessante como a sociedade humana vai construindo conceitos coletivos unificadores e repudiando os diferentes.

Dias atrás, assistimos o ato de bravura do nosso governador Eduardo Leite se assumindo gay. Ele lembrou que capacidade de gestão não depende de orientação sexual. Perfeito. E parece que a repercussão foi mais positiva que negativa. Saudações à evolução da civilização. Atualmente, se alguém se posiciona sobre não ser vacinado, receberá o ódio coletivo, que vem vestido de piedade, desprezo, acusações de egoísmo, chantagem emocional… Independente da pessoa ter uma conduta cuidadosa ou não.

Essa semana, li uma biografia de Edward Bernays, sobrinho do Sigmund Freud (criador da psicanálise) e de como ele usou este conhecimento para manipular as massas. Um dos seus prodígios foi, a pedido de seu cliente na década de 1920, a American Tobacco, vencer a resistência feminina para fumar. Contratou jovens que num evento público acenderam cigarros e chamaram de tochas da liberdade. Conhecemos o resultado. Ou a Nestlé, que também convenceu, na década de 1970, jovens mães, que seus produtos de leite em pó eram melhores que a amamentação. Acharemos muitas campanhas de opinião que nos carregaram para seus objetivos.

A situação estranha aqui no Brasil, de uma diretora da Anvisa, farmacêutica, ser demitida e substituída por um militar, traz certo desconforto. Compras de vacinas aparecem com cenários sinistros de corrupção. Há motivos para resistência. Acredito que vamos conviver com uma parcela da população que pode preferir aguardar, ou mesmo não se vacinar. De qualquer modo, a adesão dos que desejam ser vacinados vai passar dos 75%, número da contenção do contágio, segundo especialistas.

Essa semana, trago esta reflexão: como é nossa atitude em relação àqueles que não querem se vacinar? Há a possibilidade da empatia, da aceitação, de procurar entender seus motivos? Ou o pensamento único é a única possibilidade? Nelson Rodrigues tinha uma frase forte sobre a unanimidade.

Meus melhores votos de um retorno à vida com abraços e sociabilização o mais rápido possível. Que os 75% nos tragam a comunhão de volta. Boa semana!

Joaquim Mello

joaquim.mello@terra.com.br

Publicado em 16/7/21.

Comentários 1

  1. Parabéns pela modernização da Gazeta!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *