As Sequelas do 11 de Setembro

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Em 1973, um grupo de terroristas palestinos matou 34 pessoas no aeroporto de Roma, na Itália. O ataque mandava um recado: a partir daquele momento os voos comerciais haviam se tornado extremamente vulneráveis ao terrorismo internacional. No entanto, ninguém levou isso muito a sério…

Parece que foi ontem, mas lá se vão 20 anos que o mundo inteiro parou – incrédulo – em frente da TV para assistir ao mais impressionante e devastador atentado terrorista da história da humanidade. Desde a manhã daquela terça-feira, a glamorosa tarefa de ir até ao aeroporto com a passagem e a bagagem na mão; procurar o número do seu voo, encontrar o portão de embarque e entrar num avião, nunca mais foi a mesma.

Em 11 de setembro de 2001 eu trabalhava numa sala onde havia sempre uma TV ligada, quase que sem volume. Verdade seja dita: quando entra o Plantão da Globo com aqueles microfones voando e aquela musiquinha catastrófica e sinistra, o Brasil inteiro congela e corre para a frente da telinha. Jamais imaginava a minha vã filosofia que, naquele momento, eu estaria me tornando integrante de uma geração que vivenciava tudo aquilo em tempo real. Tanto que todos nós lembramos onde estávamos e o que fazíamos naquela manhã.

A cobertura na TV falava, inicialmente e sem maiores detalhes, que um avião de pequeno porte havia atingido uma das torres do World Trade Center, abrindo uma fenda no maior símbolo do coração financeiro de Nova Iorque. Até ali, nada de mais grave e imagens mostrando uma fumaça espessa que saía de um ou dois andares superiores do edifício. Repórteres e comentaristas iam ‘enchendo linguiça’ no áudio durante a transmissão enquanto a cena se repetia várias vezes. Nisso, o segundo avião atinge a outra torre e todos nós pensávamos que era a imagem do primeiro acidente, recuperada por um ‘cinegrafista amador’. Antes fosse…

O resto a gente está cansado de saber ao longo dos últimos 20 anos: em duas horas, as torres gêmeas foram reduzidas a uma montanha de pó e aço incandescente e quase 3 mil pessoas perderam a vida. Mais tarde, descobrimos que os atentados foram reivindicados – e efetivamente cometidos – por terroristas da rede Al Qaeda, que desviaram quatro aviões comerciais (não por acaso das empresas norte-americanas United e American AirLines) para jogá-los contra os símbolos econômico, militar e político dos Estados Unidos. Além dos dois boeings que atingiram o WTC, um terceiro foi jogado contra o Pentágono, destruindo boa parte da sede do governo norte-americano; e um quarto avião tinha como alvo o Capitólio, sede do Congresso ou a Casa Branca, mas que após a provável intervenção dos passageiros num confronto com os terroristas, acabou sem controle e caiu numa zona rural da Pensilvânia.

A partir do dia seguinte àquele atentado, antes de embarcar num avião comercial em qualquer lugar do mundo, tudo aquilo que levamos – incluindo o nosso corpo – precisa ser minuciosamente inspecionado. Na bagagem de mão, veto até mesmo para aquela simples tesourinha de aparar bigodes ou alguns produtos em spray. A União Europeia introduziu um regulamento exigindo que as companhias aéreas passassem a confirmar se o passageiro que embarca é o mesmo que despachou sua bagagem. Depois, vieram as identificações de impressão digital e o escaneamento da retina e da íris dos olhos dos viajantes. Aqui, pelo menos nos aeroportos de Guarulhos (SP) e no Santos Dumont, no Rio, isso também já funciona quando o embarque é internacional. Talheres, pratos e copos nos aviões, só de plástico. A parte ruim, além dos consequentes atrasos, filas, transtornos e alguma confusão, é que fãs da aviação – principalmente crianças – perderam a chance de visitar a cabine de comando de uma aeronave e conversar com os pilotos durante um voo. Evidente que isso contribuiu para uma maior segurança nas viagens, mas o risco se mantém por um motivo bem simples: o processo de educar o público, acaba também por educar os terroristas. Infelizmente.

 

Daniel Andriotti

daniel.andriotti67@gmail.com

Publicado em 10/9/21

 

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