Aprendendo com os Esportes

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Lá se vão mais de duas décadas, almoçávamos em um shopping da Capital. Havia pouca gente, já passava das duas da tarde. Estava me servindo no bufê de saladas quando percebi que, ao meu lado, estava o atleta gaúcho André Heller, um dos grandes medalhas de ouro daquela nossa histórica Seleção de Vôlei, a equipe que mostrou ao mundo, diversas vezes, a bandeira brasileira sendo hasteada enquanto o Hino tocava nossos corações. Antes de voltar à mesa, senti que tinha a obrigação de lhe agradecer pelos importantes feitos esportivos.

Há muito o que recordar e aprender sobre o Brasil com a Olimpíada que acontece no Japão. Para mim, que costumo assistir os jogos das seleções masculina e feminina de vôlei, tem sido um passeio ao passado, às escolas onde estudei, às antigas e divertidas férias de verão; a um tempo em que tínhamos ginástica, jogos e torneios estudantis de diversas modalidades. Quando crianças e adolescentes se divertiam jogando futebol, handebol, vôlei, aprendendo boa convivência em grupo através dos esportes.

No país do futebol, neste Estado sulista, era comum vermos goleiras improvisadas em muitos terrenos baldios e nos pátios escolares. Nas férias de verão, as redes de vôlei apareciam ao lado das casas, nas praias de mar, como chamávamos as pequenas localidades litorâneas para onde íamos de mala e cuia.

De manhã, não muito cedo, banhos de sol e de mar, tênis de praia, futebol de areia, prancha de isopor para pegar as melhores ondas. E quando o Sol já havia se instalado de vez em nossas peles sem proteção, voltávamos para casa, vermelhos como tomates maduros, imaginando o que haveria para o almoço tardio.

Puxa-puxas comprados no portão, sobremesa das melhores, saboreados em cadeiras preguiçosas espalhadas sob a sombra de árvores. Nas conversas, o medo dos enormes sapos que tomavam conta da grama, os novos amigos da casa vizinha que queriam jogar, o vôlei que duraria até o jantar. E no descanso quase findo, a arrumação da velha e boa rede, a bomba de ar enchendo a bola surrada, a escolha das equipes.

Há muito o que recordar e aprender com a Olimpíada que acontece no Japão, de nós mesmos e do País em que vivemos. Sobre a necessidade de unirmos esforços para resgatar valores que são garantias da nossa própria humanidade, a pacífica e saudável convivência entre os povos, a alegria de participar disso tudo.

Gostaria de encontrar pelo menos um dos nossos atletas que conquistou medalha nesta Olimpíada, agradecer-lhe pela bandeira brasileira sendo hasteada e mostrada ao mundo, o Hino tocando nossos corações. Assim como fiz, lá se vão mais de duas décadas.

Cristina André

cristina.andre.gazeta@gmail.com

Publicado em 6/8/21.

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