A migração das corridas de Fórmula-1 para a Band trouxe, entre tantas coisas positivas para quem gosta deste tipo de esporte, um ingrediente que há muito tempo não se via nessa modalidade: a emoção. Primeiro, pela equipe de profissionais de primeira linha, envolvendo narradores, comentaristas e repórteres que a emissora reuniu. Isso a Globo também tinha, considerando que dois deles – Reginaldo Leme e Mariana Becker – seguiram no ‘vácuo’ ou no ‘mesmo traçado’ para a emissora concorrente.
Segunda, essa sim, o tempo de transmissão durante todo o final de semana que tem prova. A Band começa na quinta-feira mostrando a peculiaridade das cidades onde acontecem as corridas, depois transmite os treinos, a movimentação nos boxes e, no domingo, dia da corrida, inicia a transmissão muito antes da largada e não economiza tempo com as entrevistas dos três melhores colocados, o hino e o – meio chato, mas – tradicional banho de champanhe dos pilotos vencedores. A Globo, que transmitia as corridas até o ano passado, abria o sinal cinco minutos antes da largada e encerrava com a bandeira quadriculada.
Na pista, a F-1 também ganhou em qualidade: a categoria parece que perdeu aquele status de equipe única – no caso, a Mercedes – equilibrando um pouco mais a competição com o fortalecimento de times como a Red Bull, que utiliza motor Honda; a Willians, a McLaren e a Aston Martin, ambas com motores Mercedes; a Alpine, com Renault; e a Ferrari, que tem o seu próprio motor mas se mantém apenas do glamour do passado. Com isso, voltou a aparecer um pouco mais o talento de alguns pilotos. Até porque, além dos ‘veteranos’ e campeões Sebastian Vettel e Fernando Alonso, há uma nova safra que reúne Lando Norris, Lance Stroll, Esteban Ocon e Charles Le Clerc, entre outros; e o novo protagonista que conta sempre com a minha torcida: Max Verstappen. Mas é de Lewis Hamilton que quero falar…
O inglês é um bom piloto. Não por acaso é pentacampeão mundial. Tímido, porém talentoso, rápido, arrojado, preciso nas manobras. Embora seus números sejam melhores que os de alguns outros pilotos que fizeram história na Fórmula-1, ainda não consigo enxergá-lo num mesmo patamar onde já estiveram Juan Manuel Fangio, Jack Stewart, Jim Clark, Graham Hill, Fittipaldi, Lauda, Piquet, Senna, Villeneuve, Schumacher, Prost e talvez façamos um ‘pit stop’ por aqui. Hamilton tem – disparado – o maior orçamento e por isso, o melhor carro, o melhor motor e a melhor equipe da Fórmula-1. E, da última temporada para cá, isso não lhe basta. O que mais me incomoda no perfil de Lewis Hamilton é o fato dele sofrer da síndrome de gremista: quando ganha uma prova, mesmo que fácil, afirma que a corrida foi muito dura, insinua que a vitória veio porque ele é bom, talentoso. Quando perde, vem a chorumela: a pista estava escorregadia, a equipe errou no acerto dos pneus e da suspensão, os adversários foram desleais, a chuva atrapalhou, os muitos compromissos com patrocinadores o desconcentraram. Lordes ingleses costumam ser menos dissimulados…
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Ser pai é embarcar nas próprias fantasias de que, sim, ele é um super-herói. É enxergar sempre com os olhos do coração. É acolher o tempo todo com o devido cuidado para não errar na dosagem e se transformar num superprotetor.
Depois que nos tornamos pais, as noites sempre são mais longas. Pai enfrenta, mesmo morrendo de medo, qualquer situação que envolva um filho tendo o desafio de ser um ator para que o filho não perceba o quanto ele está com medo. E o custo disso e de tantas outras coisas é quase nada: um beijo, um abraço, um cheiro no cangote, um colo… e tudo já está muito bem pago!!!
Daniel Andriotti
daniel.andriotti67@gmail.com
Publicado em 6/8/21.