Chegou 2022! Ou chegamos a 2022?!… Nesse tempo de pandemia fica dúbia essa abordagem. Foi complicado decidir a pauta para começar o ano. Minha cabeça era um turbilhão de ideias, mas não conseguia materializar nenhuma delas. Qual a “perspectiva” que deveria trazer para iniciar o ano?
Num tradicional bate-papo com amigos, naquele momento depois do almoço, onde saboreamos um cafezinho e debatemos sobre a vida, chegamos à conclusão de que, além de idosos, estamos sensíveis às agruras da vida. Nesse momento, pensei em voz alta: É isso!… Vou deixar a emoção falar! Meus parceiros de “vida” (na média 60 anos de amizade) entenderam o que eu disse.
Ao comentar que fico deprimido quando alguém diz estar com fome, todos manifestaram o mesmo sentimento. Confessei que eu não conseguiria reler alguns livros, como “Vidas Secas” de Graciano Ramos. Lembrei os diálogos da Sinhá Vitória com o marido fazendo planos para o futuro e pensando se existiria um destino melhor para seus filhos. E a cadela Baleia?!… Pula essa! – disse um deles. Aterrissou na mesa de debates “Asa Branca” – “Eu perguntei a Deus do céu… Por que tamanha judiação?…” Por que, meu Deus, tamanha injustiça?!…
Fez-se um estrondoso silêncio. Depois, em uníssimo, confessamos que derramamos lágrimas com a perda de amigos, colegas, vizinhos e familiares.
Confesso: Verti lágrimas de saudades de abraçar os netos e curtir uma prosa com a filha e o genro. Vou contar um momento cômico que protagonizei num seminário em Nova Prata. Quando iniciava a participação, por vídeo, o coordenador, meu amigo Dilda, perguntou pelos meus amados. Enxugando as lágrimas, estampando um largo sorriso, disse que logo iria matar a saudade.
Acompanho, por força da função pública e interesse pessoal, a conjuntura socioeconômica e ambiental, bem como as políticas públicas. Não precisa esforço para ver a fome castigando nosso povo! Um indicador simples, de fácil percepção, é o crescente número de pessoas pedindo “comida”. O coração dói!
Fico angustiado por fazer pouco! Me pergunto como posso ajudar mais, pois é muito triste ver seres humanos catando lixo para se alimentar. Assusta perceber que o cenário é de intensificação da miséria e da fome. Lembro a Madre Teresa de Calcutá: “Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.”
Minha intenção foi ser espontâneo e provocativo. Nesse contexto, abrir o coração, fluir sentimentos, pareceu ser apropriado, importante e necessário. Faço uso de Jean-Paul Sartre para subsidiar minha defesa: “Somos indivíduos livres e nossa liberdade nos condena a tomarmos decisões durante toda a nossa vida.” Às vezes, elas não são simples, mesmo assim precisamos encará-las.
Por fim, trago o maior filósofo da história: Jesus! “O amor ao próximo é o maior valor do caráter humano.” O amor sempre será a melhor resposta! Jesus é o amor que vive em cada um de nós. Vamos, em 2022, colocar para fora a melhor versão de nós mesmos, para com os outros e fazer um novo amanhã?!…
“Faça o seu pouco de bem onde você está; são esses pequenos pedaços de bem juntos, que inundam o mundo.” (Desmond Tutu)
Túlio Carvalho
tulioaac@gmail.com
Publicado em 7/1/22.