Tiros na Utopia

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O último dia 8 de dezembro marcou os 43 anos da morte do ex-Beatle John Lennon. Para quem sofre de uma certa alienação, John Lennon era um dos quatro integrantes de uma banda que fez ‘algum relativo sucesso’ no mundo na década de 60, a partir de Liverpool, na Inglaterra.

Já escrevi sobre esse assunto algumas vezes. Lennon foi morto por um suposto fã na frente do edifício Dakota, onde morava, na ilha de Manhattan, na época, bairro mais badalado do condado de Nova Iorque. É estranho, ainda hoje, imaginar o mundo que John Lennon queria e, ao mesmo tempo, contraditório pensar que quem idealizava uma humanidade tão pacífica – como descrita em ‘Imagine’, uma das suas principais canções – tenha sido assassinado da forma que foi aos 40 anos de idade.

Na manhã do crime, Mark David Chapman, o fã-assassino, esperou Lennon sair do prédio e até conseguiu um autógrafo dele na capa do LP Double Fantasy. Horas mais tarde, quando Lennon retornava para casa depois de passar a tarde num estúdio gravando a “Walking on Thin Ice”, o mesmo fã que horas antes havia recebido o autógrafo desferiu-lhe cinco tiros de pistola – segundo ele com munição especial para que John Lennon não sofresse – acertando quatro, todos na região do tórax e nenhum na cabeça de onde saiu a grande maioria das letras de algumas das mais famosas músicas cantadas pelo mundo em todos os tempos.

Mark Chapman foi preso na mesma noite do assassinato e desde então cumpre prisão perpétua. Está com 68 anos e disse que sua ‘ação egoísta’ foi praticada porque ‘ouvia vozes’ que o induziram a fazer o que fez. Admitiu que merecia pena de morte. Nesses 43 anos de prisão, teve todos os seus pedidos de progressão de pena rejeitados (nessas horas a justiça americana conta com a minha mais absoluta inveja. Fosse aqui, o STF já o teria soltado há muito tempo para seguir matando outras pessoas).

Confesso que Lennon, mesmo sendo uma liderança intelectual do mais bem-sucedido grupo musical de todos os tempos, peça-chave de uma engrenagem que deu muito certo, nunca foi o meu Beatle favorito. Era considerado uma pessoa ranzinza, mal-humorada e de difícil relacionamento, embora eu entenda que ele teve uma infância difícil: com o pai ausente, ainda criança John foi morar com uma tia… mas suas músicas, principalmente após a separação dos Beatles, na minha opinião, perderam qualidade. Poética e melódica. Me parecia uma personalidade autêntica, pouco controversa e não tenho a menor dúvida de que foi uma das figuras mais significativas da história da cultura pop do século 20. Mesmo que tenhamos de ‘descontar’ algumas de suas composições, utópicas e meio bregas, é preciso admitir que paz e amor – o que ele pregava em quase todas – o mundo sempre precisou, mas raramente teve.

Para quem ainda segue alienado, o segundo Beatle a morrer foi George Harrison, em 2001. Mas esse foi levado por um câncer de pulmão. Os outros dois – Paul McCartney e Ringo Starr – seguem firmes e fortes, porém velhos.

 

* * *

Sábado foi dia de eleição no Inter, a instituição com o maior número de sócios votantes entre todos os clubes brasileiros. Mas não pense que no colorado, isso é fácil. O sócio tem dificuldades de fazer check in; é difícil de comprar ingresso on line; não consegue reservar uma camiseta-lançamento. Nas eleições é uma penúria para conseguir votar porque o site não suporta. Se telefonar pro Beira Rio, não é atendido, mas uma mensagem pede para que seja enviado um e-mail, que ninguém responde (ainda se usa e-mail???). Ou seja: tudo é difícil no Inter. Tudo. Menos torcer pra time ruim…

Será que agora com a nova-mesma diretoria tudo vai mudar???

 

Daniel Andriotti

Publicado em 15/12/23

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