No primeiro mês desse ano, que já se apronta para a despedida, li “Zonas Azuis”, livro escrito por Dan Buettner, pesquisador da National Geographic Society, sobre lugares em que a longevidade das pessoas ultrapassa os limites mundiais. E tomei uma decisão das mais importantes: dedicar tempo matinal diário, cerca de uma hora, exclusivamente à leitura de livros.
Cumprindo a decisão, fiz leituras sensacionais durante esse ano, temas sobre os quais há muito me interessava.
Contrariando a segregação que, feito tsunami, invadiu a praia dos nossos respeitosos e bons debates, meu gosto eclético ficou exposto. O importante é conhecer para ter condições de opinar, de avaliar as diversas narrativas que me chegam já formatadas.
Assim se deu com a vida de Virgulino Ferreira da Silva, conhecido como Lampião, o Rei do Cangaço, e Maria Bonita, sua companheira, a respeito dos quais eu quase nada sabia. No máximo, que ele havia se tornado herói aos olhos de alguns, e um bandido violento para outros – como o escritor Graciliano Ramos, que se referia a ele como monstro. Tiago Pavinatto, advogado e pesquisador, é o autor da obra “Da Silva: a Grande Fake News da Esquerda”.
Da mesma forma, contudo por diferente motivação, queria muito saber como funcionavam as comentadas terapias de sucesso que um ex-padre alemão colocava em prática para desatar nós familiares. Então li “Constelações Familiares”, de Bert Hellinger, criador da nova e surpreendente abordagem de psicoterapia sistêmica, com participação de estranhos assumindo papéis importantes na história da pessoa que busca melhor compreensão da própria vida. Como em uma série ou novela de tevê, os participantes agem como atores realmente comprometidos a auxiliar no esclarecimento de questões geradoras de diversos problemas incompreensíveis. O método, contestado por muitos profissionais da área de psicologia, já é aplicado inclusive em audiências de justiça.
Fui, então, para o segundo livro de Bert Hellinger, escrito em parceria com outros dois terapeutas que, durante bom tempo, observaram o trabalho realizado por ele. Chama-se “A Simetria Oculta do Amor”, uma clara defesa do amor no que se refere aos relacionamentos que dão certo. Narrativa de casos reais, facilitando a compreensão e prendendo a atenção. Polêmicas intensas.
Eis que sou presenteada por um livro que apresenta diversas curiosidades matemáticas relacionadas com histórias bíblicas. “Apocalipse – Mitos e Verdades”, escrito por Haroldo Dutra Dias, um mineiro que é juiz de Direito e autor de diversas obras, desvenda como eram interpretados as medições de tempo e os fenômenos naturais antes do que sabemos hoje. E na ciência implícita em metáforas e números tidos como puro misticismo, procura traçar nossa jornada evolutiva na Terra.
As páginas do ano se despedem, deixando-me a certeza de que tomei excelente decisão, em janeiro, adotando as leituras matinais.
Cristina André
cristina.andre.gazeta@gmail.com
Publicado em 15/12/23