Desde criança, fomos condicionados a admirar aquele velhinho boa praça que se veste de vermelho, mas só aparece quando dezembro chega. Gorducho, bochechas rosadas, longas barbas brancas e que traz presentes para as crianças. Mas aposto que ninguém nunca lhe falou sobre o oponente dele: o Krampus.
Pois então, o Krampus é um Papai Noel do mal. Ele existe e, assim como o ‘outro’, também é celebrado em alguns países da Europa e em condados norte-americanos. Enquanto a figura carismática do Santa Claus premia as crianças que foram boazinhas ao longo do ano, o espírito maligno do Krampus chega para punir aquelas que não se comportaram.
Ele é descrito nas histórias como uma figura mitológica, metade cabra – com chifres e tudo; e a outra metade demônio. Reza a lenda que ele batia nas crianças com um chicote e as colocava dentro de um cesto. Em alguns casos, chegava a devorá-las (?!?!?!). Na Áustria, onde a lenda é muito conhecida, o anti Papai Noel tem até uma festa pagã. Basta chegar dezembro que muitas pessoas se fantasiam como Krampus, colocam roupas que imitam peles de animais com chifres e vagam pelas ruas da cidade. Algumas arrastam correntes e tocam sinos para fazer barulho – seria dessa maneira que o monstro avisava que estava chegando. E lá se vão assustando e até surrando crianças e adultos. A noite do Krampus geralmente ocorre em 5 de dezembro, véspera do dia de São Nicolau, santo que é inspiração para a figura do Papai Noel.
Outros lugares do mundo também sustentam a tradição de celebrar o Krampus antes do Natal. Festas de rua acontecem na Baviera, na Alemanha, em vilarejos do norte da Itália e também em Washington e Chicago, nos Estados Unidos. Diz a lenda que depois dessa única aparição, Krampus volta para as trevas e só ressurge no ano seguinte. No Brasil, vamos combinar: há muito tempo só dá o Krampus por aqui no Natal…
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E não está fácil para ninguém mesmo: em Port Orange, na Florida (EUA), um Papai Noel (ou seria o Krampus???) entrou numa agência bancária carregando uma enorme embalagem que, num primeiro momento, todos entenderam que parecia um presente. Inclusive o pessoal da segurança. Só que não: o bom velhinho foi até um dos guichês, colocou a enorme embalagem sobre o balcão, garantiu que estava armado e ordenou que uma das funcionárias enchesse a caixa com dinheiro, pois tratava-se de um assalto. Fugiu sem que o valor fosse divulgado e sem fazer vítimas ou reféns. A polícia foi enviada ao local e está investigando o caso. Imagens do Papai Noel assaltante foram divulgadas na tentativa de encontrar pistas que levem à prisão do Claus, que de Santa não tem nada. Alô Brasil: americanos já estão fazendo MBA de malandragem. E nós, recém no ensino fundamental…
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Também nos EUA, só que dessa vez no Tenesse, uma atração turística substituiu o trenó, o belo trono vermelho, as renas e o tradicional “ho ho ho” do bom velhinho por gritos de terror numa casa temática construída numa área de mais de mil metros quadrados. No local assustador, um Noel horripilante, maltrapilho e sem os olhos persegue as pessoas, assessorado por um grupo de zumbis. E pasme: o ingresso custa U$S 10 dólares – um pouco mais de R$ 50 reais. Detalhe: há filas para entrar no ambiente macabro. E quem entra, tem todo o direito de se vingar: por U$S 5 dólares a mais, os visitantes podem dar 15 tiros com uma arma de paintball no Noel e seus zumbis malvados. A diversão é garantida.
De novo: se é no Brasil, a arma de paintball seria substituída por um fuzil AR-15…
Daniel Andriotti
daniel.andriotti67@gmail.com
Publicado em 24/12/21
No Brasil, o Mau Velhinho é o Lula 🙂