Este é o título de um livro que me deixou em vertigem. Eva Pierrakos e Donovan Thesenga apresentam uma síntese da natureza humana, suas dores e libertação em 245 páginas. Desafiador sintetizar. Define o mal como a corrente vital do bem, distorcida, que gera uma estagnação na substância da alma e impede o livre fluxo de energia saudável. Demonstra que somos o nosso maior inimigo. Bem e mal são nutridos pela mesma vitalidade provinda da Vida Universal. E o ato criativo para um lado ou para o outro tende a autoperpetuação, como qualquer vida no Planeta.
Quando criança, temos um egoísmo inerente e insaciável desejo de amor, um amor imaturo. Desta frustração resulta uma imagem da vida, conclusões, crenças equivocadas de não sermos amados e não merecermos amor. Entre as consequências, uma atitude de usar esta força criativa de forma negativa para fantasiar vinganças. Mas como é socialmente inadequado, negamos. A negação estando lá no nosso inconsciente, nos bloqueia e, curiosamente, gera um prazer em atuar nesta negatividade “proibida”.
Outro subproduto é ver a negatividade no outro, nos colocando num lugar de vítima, e acusando os outros daquilo que dói em nós.
Estes mecanismos de defesa de um mundo que não nos ama o suficiente permanecem e crescemos com esta negatividade oculta. Sentimos raiva por não ter recebido o que queríamos na infância e depois vergonha porque é horrível sentir raiva daqueles que mais amamos. E raiva de sentir raiva, que gera mais raiva. Uma muralha de infelicidade. Construímos uma autoimagem artificial para esconder, negar isto. E nos identificamos com esta falsa e desonesta autoimagem idealizada a ponto de defendê-la, sob pena de a dissolvendo, ter a sensação de deixar de existir. Nos tornamos nossas dores e crenças.
A autora traz a ideia de que temos três instâncias: a personalidade, nosso lado mais instintivo e egocêntrico, sede do pequeno ego; o Eu Espiritual; e um observador/ ego maduro, que pode fazer esta “gestão” do conflito de interesses. Até que a consciência seja dirigida pelo Eu Superior, livre da negatividade artificial, e ofereça toda abundância e fluidez presente no Universo, tendo desativado este centro egoísta da personalidade. Até que o mal seja transformado, transcendido e unificado. E isto se dá pelo acolhimento, aceitação e conscientização da nossa negatividade construída e ilusória. Negar nossas sombras é perder a chance da conciliação.
Aos inclinados ao Sim à Vida, deixo um sincero desejo que busquem esta leitura e conquistem a melhor conexão possível com nossa origem Divina. Beijo no coração!
Joaquim Mello
joaquim.mello@terra.com.br
Publicado em 21/7/23