Nestes dias de pequenas férias entremeando o trabalho, de pensamentos e atitudes focados quase que exclusivamente no tempo presente, chegam notícias e mensagens que me provocam importantes reflexões. Como a inclusão na constituição francesa do direito ao aborto provocado, garantindo a liberdade das mulheres de optarem pela interrupção voluntária da gravidez. Sobretudo, pelas reações femininas festivas e o contentamento do presidente Emmanuel Macron, que saudou o “orgulho francês” e a “mensagem universal” de seu país.
Verdade seja dita, o que realmente me impressiona nesse tipo de questão nada tem a ver com bandeiras partidárias, em ser de direita, de centro ou de esquerda; católica, evangélica ou muçulmana; negra, parda ou branca; mas está diretamente ligado ao conceito que tenho de evolução do ser humano.
Meu coração se apertou ao observar mulheres, aparentemente de boa instrução, carregando cartazes com a expressão “meu corpo, meu direito”, disfarçando o recado principal da necessidade do aborto, que, provavelmente, seja o de manter relações sem se importar com a possibilidade de que resultem em uma nova vida. E isso, com todo o respeito que tenho por quem pensa diferente, é mensagem universal de “involução”, de retrocesso no que se refere aos verdadeiros valores humanos, entre os quais está a espiritualidade e o direito humano à própria vida.
Claro que entendo haver casos excepcionais, como consta na Constituição do Brasil, em que o aborto é considerado legal e disponibilizado pelo serviço de saúde pública: para salvar a vida da grávida; quando o feto é anencéfalo; e no caso de gestação como fruto de um estupro. Com este último, porém, não concordo, pois a criança é inocente e não deveria ter que pagar com a própria vida por um crime que não cometeu. E para que entendam melhor essa minha opinião, que é difícil de expor, sugiro que assistam o filme “Terra Fria”, com a atriz Charlize Theron (PrimeVideo). O enredo tem cenas realistas e chocantes, mas tudo é devidamente recompensado pelo final simplesmente emocionante.
Também tenho ciência de que muitas mulheres, especialmente na juventude, já fizeram aborto por imaturidade e até por falta de apoio da família.
Contudo, não estou aqui para fazer julgamentos instantâneos, quero apenas carregar meu cartaz em prol da liberdade de expressar minha opinião sobre esse tema tão delicado. Bem como revelar a tristeza que tive ao ver gente festejando com tanto entusiasmo a interrupção da vida. E contar aos leitores que considero pré-requisito para trilhar o caminho da “evolução do ser humano” o respeito amplo e irrestrito à existência desde o momento da sua concepção.
Em defesa da vida!
Cristina André
Publicado em 15/3/24