Nesse mês de junho passei por uma situação complicada do ponto de vista de saúde e instigante (não achei adjetivo melhor) no quesito “espiritualidade”. Para bem da verdade, venho, à medida que cresce a faixa etária, aprofundando uma certeza: há uma forte correlação entre o avanço da idade e a percepção de que “só sei que nada sei”.
Calma, já explico! Vamos devagar, pois este senhor idoso está com o sistema de sinapses prejudicado por “n” fatores, entre eles destaco dois: um grande susto durante um simples procedimento de endoscopia e a estonteante carga de medicamentos que vai me seguir pelo resto da vida.
Para começar a contar essa história, preciso relatar que passei por umas agruras da vida, no quesito saúde, depois que, antes da vacina, a covid me alcançou. Mas… Depois de uma longa e tumultuada relação, a batalha foi vencida por este bravo e preocupado guerreiro. Esse vírus, um ser traiçoeiro e perigoso, deixou registrada sua passagem, na grande maioria das pessoas, com muitas sequelas.
Voltando ao início da conversa, em junho, lépido e faceiro, fui fazer os exames de rotina. Sem pressa, marquei uma endoscopia para final de julho. Aí… aconteceu um imprevisto: o hospital entrou em contato propondo adiantar o exame, pois havia uma desistência. Um mês de antecipação! Aceitei na hora! Legal, não é mesmo?!…
Foi aí que surgiu uma questão intrigante para o entendimento desse indivíduo que ainda está confuso.
Vamos aos fatos! Nos dias que antecederam o exame eu comecei a perceber alguns sintomas estranhos. Não dei muita importância, pois achei que era estafa e stress pelo trabalho que tinha que entregar antes de tirar umas férias merecidas e vencidas. Nada sério!… Era o que eu achava.
No dia do exame, 7h da manhã, estava lá, tranquilo, conversando até pelos cotovelos. Às 7h40 (em ponto como agendado) uma equipe profissional começou a me preparar para o exame. Aos poucos, fui percebendo que havia algo estranho. A médica olhou para a auxiliar e pediu para trocar o aparelho de aferir pressão. Trouxeram outro. Aferiram. Aí ouvi a médica dizer: levem já que vou avisar o “centro”.
Fui retirado da sala de exames (até a anestesista ajudou a empurrar a maca) direto para CTI e lá fiquei toda a manhã até controlar a pressão. Para bem da verdade, estava fora da casinha e não conseguia entender o que rolava. Depois de medicado, estabilizada a crise, comecei a juntar os pontos.
Liberado, ainda no hospital, fui direto à cafeteria. Enquanto “ingeria” a endoscopia não realizada, a pressão alta e um café com leite e sanduiche, liguei, pedindo socorro para a médica, clínica de família, que nos acompanha. Foi um baita susto para todos.
Já em casa, conversando com meu amigo e compadre, o Carlinhos, ele brincou me perguntando qual era o melhor lugar para um avião ter problemas. Certamente, seria pousado no aeroporto. Neste caso, a antecipação do exame me colocou no lugar certo e na hora certa. Coincidência?… Sorte?… Ou providência? Não sei!… Só sei que nada sei!…
“Nem Jesus Cristo, quando veio à Terra, se propôs resolver o problema particular de alguém. Ele se limitou a nos ensinar o caminho, que necessitamos palmilhar por nós mesmos.” (Chico Xavier)
Túlio Carvalho
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Publicado em 7/7/23