Cativar e cuidar

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Perspectiva completa doze anos. É interessante observar como esta adolescente se transforma e assume personalidade própria. Para bem da verdade, perdi o domínio sobre esse “ser” a partir do momento em que os Avatares apareceram impondo os temas a serem abordados.

Olhem só isso!… Passei os últimos meses pesquisando, catando relatórios da ONU, de instituições internacionais, acompanhei a COP 27, tudo com o objetivo de subsidiar pautas sobre o aquecimento global e suas consequências.

Ah!… Já ia esquecendo. Em janeiro bisbilhotei o Fórum Econômico Mundial. Nada de novo! Foi reafirmada a preocupação com as mudanças climáticas, tendo em vista a constatação das reais ameaças à economia global, bem como a urgência do repensar o modelo de desenvolvimento.

Aí… Quando, empolgado, comecei a escrever, fui atropelado por um Avatar, mandando-me parar com essa ladainha. Indignado gritei: Quem te chamou na conversa, seu metido? Calma! Tudo bem, disse ele. Vou te explicar.

Tu estás sempre escrevendo sobre fatos consumados, meu caro ingênuo! (Ah! Fiquei mais furioso!) Muda o disco! Procura e debate a raiz do problema. Saca essa: A humanidade não tem consciência do que faz com sua casa.

Não assististe ao Roda Viva na TV Cultura com o Jorge Caldeira? Ele debateu sobre esse tema à luz do pensamento filosófico existencialista. Fez uma reflexão usando uma das maiores obras da literatura mundial: O Pequeno Príncipe do francês Antoine de Saint-Exupéry. Foi mágica a entrevista com esse representante da Academia Brasileira de Letras.

Pensa o seguinte, seguiu ele: Se o cativar da raposa nos leva ao “cuidar”, por analogia, poderíamos, então, dizer que não “cuidamos” do meio ambiente, porque não “sentimos” a sua importância para nossa vida? Por óbvio, seria o mesmo que dizer que é necessário “cativar” para “cuidar”?

Trazendo um pouco mais do existencialismo à conversa, verificamos ser difícil entender o que não está na consciência. Seria esse um motivo da falta de compreensão do valor da natureza? Um caminho para a solução desse problema seria passar para o consciente? Esse pode ser a origem do problema: O que não se “cativa” não se “cuida”.

Dito isso, vamos ao Caldeira e a entrevista sobre seu livro “Brasil: Paraíso Restaurável”, no programa da TV Cultura. O acadêmico disse que a humanidade não pode continuar desconsiderando o “valor” econômico da natureza. O futuro do planeta passa pela economia verde.

Como um professor, o avatar me mandou prestar atenção no que o livro fala: “O potencial do nosso país para desenvolvimento de uma economia verde é imensurável”. Veja, continuou, foram alguns anos de negacionismo trágico para a sustentabilidade ambiental. Essa visão equivocada teve consequências, não só para os recursos naturais, como para a população e a economia, com reflexos preocupantes nas relações comerciais no mercado mundial.

Por fim disse: políticas públicas de desenvolvimento ancoradas na economia verde, promovem desenvolvimento sustentável, geração de riquezas e justiça social. Acredite!

O Avatar me cativou! Deletei o já escrito e fui na dele.

“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.” (O Pequeno Príncipe – Saint-Exupéry)

Túlio Carvalho

tulioaac@gmail.com

Publicado em 03/2/23

 

Comentários 1

  1. Zaira da Rosa Antunes says:

    Amiguinho! Que lindo texto! Curioso é que eu estou vendo um relato de EQM muito interessante. Pausei, peguei o cel e comecei a ler teu texto. Parecia que estava na continuação do vídeo… incrível!

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