Após o resultado da eleição presidencial de 30 de outubro, me permiti acompanhar mais análises e comentários sobre a repercussão do resultado. Especialmente porque sou incapaz de entender a polarização na sua profundidade.
Uma das versões que me fez sentido foi a solidão ocasionada pela pandemia, associada com um profundo desejo humano de pertencer. Esta fórmula vale para os dois lados do espectro político, tanto direita quanto esquerda. E cada lado teve uma escolha de método para aglutinar seus seguidores, oferecer uma causa, um propósito. Aparentemente, a escolha do atual governo de depreciar e principalmente desejar aniquilar a oposição foi tão grande, e o gasto de energia tão intenso que faltou tempo para a gestão. Mesmo tendo conquistado a adesão de meio Brasil com sua visão de mundo. Esta é minha avaliação diante dos dias pós eleição.
Fruto do movimento de transição, começam a aparecer números do orçamento federal para as demandas administrativas e programas sociais que foram cancelados ou direcionados para outras funções, sem planejamento de reposição. Preocupante.
Pareceu oportuno o primeiro discurso do candidato eleito, prometendo um governo para todos os brasileiros, não só para quem votou nele. E frisou que o voto foi para a frente ampla de partidos políticos coligados, como reconheceu, que vai muito além do seu partido. O conjunto de influências partidárias e da sociedade civil que se aglutinaram na chapa vencedora traz em si uma perspectiva de equilíbrio contra excessos para qualquer lado, e fica a esperança de que não precisemos desejar a extinção do oponente para que o Brasil possa ser governado.
Que cada brasileiro possa encontrar seu espaço para pertencer a grande família nacional. Chefes de governos saudaram o presidente eleito do Brasil. Deram seus votos de confiança. Podemos fazer o mesmo como cidadãos do País? Todos precisamos de todos, vale para pessoas e para nações. Não existe dois Brasis, e não existe dois planetas Terra. Todos pertencemos a uma mesma família humana. Construir este entendimento internamente, parece uma solução a favor da Vida em comum que supera a solidão, e nos integra a um pertencimento muito maior, o de Ser Humano. Esperar o melhor, oferecer o nosso melhor. Sigamos!
Joaquim Mello
joaquim.mello@terra.com.br
Publicado em 18/11/22
A consciência de pertencer e a prática de “esperançar” podem nos levar adiante, concordo.
Uma das lições significativas e que, espero, esteja sendo assimilada por nós é: somos responsáveis pela gestão do nosso país.
Não somos filhos do governo.
Não somos amigos do legislativo.
Não somos reféns do judiciário.
Não somos donos de verdades radicais.
Somos cidadãos, somos a nação.