Três Encontros Simbólicos

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Vi o Papai Noel, no primeiro Natal das minhas lembranças, chegando em traje de cetim vermelho, de botas pretas e carregando presentes ensacados. Fiquei embasbacada quando ele retirou uma grande caixa daquele saco acetinado e chamou pelo meu nome. Ficamos frente a frente, eu e o Bom Velhinho, sob a proteção afetuosa do Pai e da Mãe, sorrisos faceiros e olhos brilhando na minha direção – estrelas que iluminavam meu céu de sonhos e brincadeiras.

Abri aquele pacote e a emoção tomou conta do meu coração. Era uma boneca do tipo Meu Bebê, da Estrela, com cabelos cacheados curtos, vestidinho com sapatos e meias curtas como eu usava. Abracei forte aquela criança de brinquedo, trazida pelo Papai Noel, e passei dias sem sair de perto dela.

Eu devia ter quatro ou cinco anos naquele Natal. Recordá-lo, em cada um dos meus incontáveis dezembros, sempre me trouxe muito mais do que boas lembranças da infância. Pensar no primeiro presente do Bom Velhinho se tornou símbolo recorrente em minha vida, fortaleceu a crença de que nada existe de tão importante como o nascimento de uma criança.

Muitos natais vieram depois daquele. Cresci enfeitando pinheiros, minha irmã mais velha colocando algodão nos galhos para imitar a neve; trocando abraços e presentes com a família, assistindo a Missa do Galo com a Mãe. Sobretudo, sentindo que é um tempo diferente dos outros, de exaltação à esperança e aos afetos, de agradecimentos e orações, de recordar e reviver histórias.

Até que chegou o Natal do nosso reencontro, de ficarmos outra vez frente a frente. Eis que Papai Noel chegou, vestindo a antiga roupa de cetim vermelho, trazendo o saco de presentes, sua marca registrada. Nos meus braços, a pequena filha descansava em delicado e tranquilo sono infantil. Enquanto os presentes eram entregues, fui tomada por profunda emoção, como na primeira vez em que vi o Bom Velhinho. Porque eu, naquele momento, segurava no colo o verdadeiro significado de todos os natais: uma criança se fazendo estrela para iluminar os céus do mundo, divino presente de ternura e esperança.

A vida seguiu seu curso, continuei enfeitando pinheiros, colocando laços de fita e bolas vermelhas, fotografias e estrelas. Até que eu e o Bom Velhinho tivemos novo e emocionante encontro; o terceiro em noite feliz com a família. E lá estava ele, vestido como costume, usando botas para enfrentar nossa neve de sonhos e de algodão, carregando presentes ensacados. Minha filha lhe sorriu, agradecida pela chegada. Em seu colo materno, estava nossa pequena neta, estrela preciosa que chegou para iluminar os céus da vida.

Na noite deste Natal, farei uma oração especial, celebrando o nascimento do Menino Jesus, agradecendo pelos encontros emocionantes que tive com Papai Noel, e pedindo ao Cristo que proteja todas as crianças.

 

Cristina André

cristina.andre.gazeta@gmail.com

Publicado em 22/12/23

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