É muito provável que Bolsonaro tenha ‘enfiado o pé na jaca’ durante as comemorações da virada de ano e… novamente veio aquele quadro de obstrução intestinal. Até onde se sabe, foi internado, medicado, ganhou alta e passa bem. Esse é o fato.
O que sempre vem depois do fato num Brasil polarizado é o barulho da torcida. Por isso, imediatamente após a notícia, boa parte dos usuários das famigeradas redes sociais destilaram o seu ódio e passaram a postar os piores e mais profundos desejos a respeito da não-recuperação daquele que, bem ou mal, gostemos ou não, é o atual Presidente da República. Se esquerda e direita adoram falar em democracia é preciso digerir quem foi eleito pelo voto popular. Doa a quem doer. Aliás, só quem não consegue ‘digerir’ alguma coisa é o organismo de Bolsonaro. No caso, a alimentação…
De domingo para cá, vi e li de tudo: desde os que vibravam com o iminente óbito de Bolsonaro que poderia vir a acontecer; até os que – não contentes com ‘a simples morte’ – imploravam para que ele ainda sofresse muito, por um longo tempo e com inúmeras infecções até o juízo final. Compreensível? Não sei. Aceitável? Nunca. Já tinha sido assim durante a campanha no episódio da facada; e depois de eleito, quando ‘positivou’ para a Covid.
Esse filme é antigo e é remake. Em 2011, o ex-presidente Lula foi diagnosticado com câncer na laringe. Fez tratamento no Sírio Libanês e felizmente ficou curado, para o desprezo de quem ‘sugeria’ que ele fosse tratado pelo SUS (e se assim fosse teria sido curado também); ou para aqueles mais radicais que rezavam para que ele ‘não saísse dessa’.
Enfim, esse é o Brasil que não queremos e nem precisamos. Atitudes com esse requinte de ódio e de rancor, de ambos os lados, contribuem para que um país, enquanto nação, cresça tal qual um rabo de cavalo: para baixo!!! Assim como a maioria daqueles que possuem um plano de saúde administrado pela iniciativa privada e gostariam que Lula agonizasse numa fila do SUS, os que hoje chamam Bolsonaro de fascista e genocida, querem que ele morra de infecção generalizada. Esses dois grupos de pessoas estão sendo, exatamente, o quê???
No mínimo, hipócritas.
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Semana passada o universo intelectual gaúcho, essencialmente o de Porto Alegre teve três baixas significativas: a primeira foi do professor de matemática Régis Gonzaga, figura folclórica, fundador de um dos mais populares cursinhos pré-vestibular da capital e também criador da ONG Vida Urgente. Depois, ao apagar das luzes de 2021 foi a escritora Lya Luft, uma das melhores romancistas e poetisas desse Continente de São Pedro (ela era de Santa Cruz do Sul). Por fim, já no comecinho de 2022, o também professor e historiador Voltaire Schilling, com quem convivi por algum tempo no período em que a Riocell editou a trilogia “Culturas em Movimento”, retratando as principais etnias que migraram para o Rio Grande do Sul no começo do século passado. O terceiro volume falava sobre a presença alemã, escrita por ele.
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Deixa eu ver se estou entendendo esse começo de ano: nós estamos vivendo uma epidemia de gripe, dentro de uma pandemia de Coronavírus, que está dentro de uma crise ambiental que está dentro de uma crise hídrica, que está dentro de uma crise econômica, dentro de uma crise política?
É isso, produção??? Confere???
Daniel Andriotti
Publicado em 7/1/22