Normalmente, o tema para discussão em Perspectiva, é definido pela conjuntura e cenários. Mas, junho foi doloroso! Cogitei abordar sobre os 30 anos da Cúpula da Terra, a Rio 92, um marco histórico para o debate da sustentabilidade. Mas, ao lembrar-me do desmanche das políticas públicas de meio ambiente… Da destruição da Amazônia… Das vidas ceifadas… Da banalização da vida… Minhas mãos se calaram!… Minha alma sangrou de dor!…
Como antídoto, me refugiei na revisão dos artigos publicados, com vistas ao sonhado livro sobre “Uma década em Perspectiva”. Com o material já organizado, por temas, consegui concluir uma rápida e lúdica releitura.
Aí, surgiu um fato interessante que vou relatar agora. Nessa retomada, percebi que transformava alguns bate-papos animados com amigos, em cafeterias ou mesmo na leitura de artigos, textos, notícias na mídia, etc. em efusivos embates políticos. Explicando melhor, me veio à tona uma realidade: Os ditos “diálogos”, quando repensados, eram transformados em incontestáveis e legítimos “monólogos”.
Fiquei um bom tempo buscando uma explicação para essa “verdade”. Como aconteceu isso? O que substanciou a metamorfose? Eis que, de repente, se desvendou o mistério! Ao reler as notas e comentários, inseridos nos arquivos originais, com a finalidade de manter as fontes de pesquisa e as informações necessárias, descobri a chave do enigma.
Pois então!… Seguindo nessa narrativa, percebi que, a partir de certo momento, comecei a desenvolver mais os conteúdos em pauta, dando sequência às “conversas” com as fontes originais. Ou seja, aprofundava e subsidiava as ideias capturadas nas “prosas” e fazia “debates virtuais” que se materializavam, gradualmente, no meu imaginário.
Devem estar achando que eu pirei. São “vozes” na minha cabeça?!… Nada disso! Vejam bem! Esses mecanismos fictícios me ajudaram a trabalhar, com mais informações, as “manifestações” das fontes originais, subsidiando o tema proposto e contribuindo na missão de semear ideias com seriedade e o devido respeito ao leitor.
Assim, como “seres virtuais” passaram a cooperar e fazer parte na construção de Perspectiva, nada mais justo que dar notoriedade e batizá-los. São os “Meus Avatares”!… Pesquisando sobre essas manifestações corporais, descobri as “encarnações de Vishnu”. Aí, criei as minhas: a do amigo Dilda e as dos irmãos de coração, Eduardo e Renato.
Estou com o juízo abalado? Acho que não! Vejamos opiniões de especialistas. Manuel Castells: “A realidade como é vivida sempre foi virtual, porque é inevitavelmente percebida por meio de símbolos.” Freud: “A desordem identificatória é constitutiva da condição humana, de modo que não são as tecnologias em si as responsáveis por isso, mas a constituição humana de ser simbólico.” É isso aí!…
Concluindo esse imbróglio, afirmo que ancorar meus “monólogos” em avatares, não é apenas um devaneio, é só minha condição humana. Por fim, outra importante descoberta foi que escrever tornou-se uma grande diversão. Aliás, essa foi uma observação do Dilda. Opa! Estou confuso! Será que foi ele mesmo que disse ou foi o Avatar?
“O louco, o amoroso e o poeta estão recheados de imaginação.” (William Shakespeare) #BrunoeDomvivem
Túlio Carvalho
tulioaac@gmail.com
Publicado em 01/7/22