A Gazeta Centro-Sul tem recebido denúncias de leitores a respeito do expurgo do tratamento de água feito pela Corsan, que está sendo descartado diretamente no Lago Guaíba. Este lançamento de água com lodo e produtos químicos está prejudicando a fauna, na margem central da Cidade, ao lado do Calçadão da Beira (foto). Além disso, o acúmulo de lodo está causando assoreamento e, consequentemente, obstruindo a rede de drenagem. No local, eram avistados girinos e tartarugas com frequência, o que não acontece mais em função da mudança do habitat desses animais.
Em agosto de 2022, a Gazeta abordou o problema da lama invadindo a garagem de uma residência, na Avenida 7 de Setembro, e escorrendo pela via pública. Na ocasião, a Corsan informou que estava construindo uma estação de tratamento do lodo.
Essa semana, um ano depois, a Reportagem do Jornal esteve no Calçadão, em frente à Praça dos Arcos, e constatou que a lama continua sendo despejada diretamente no Lago Guaíba, ampliando o dano ambiental e obstruindo a rede de drenagem naquela região.
O que diz a Prefeitura
O Governo Municipal foi questionado sobre o que tem feito para solucionar o problema. Tanto a Secretaria Municipal de Infraestrutura quanto a de Meio Ambiente, inicialmente, demonstraram desconhecimento da gravidade da situação, repetindo uma visão superficial e imprudente.
Com a insistência da Gazeta em aprofundar o caso, devido a sua gravidade, a Secretaria de Meio Ambiente enviou depoimento do engenheiro Matheus Koester, com uma “explicação técnica”.
De acordo com o engenheiro, a Licença de Operação da Fepam autoriza o lançamento do efluente do tratamento de água, sem especificar se o mesmo deverá ser tratado ou não. Ele disse acreditar que deva obedecer a Resolução do Consema 355. Koester ressalta que a Licença de Operação para o tratamento da água tem um Termo de Compromisso Ambiental (TCA) para que a Corsan instale um dessecador de lodo e encaminhe para uma área licenciada.
O engenheiro enfatizou que o TCA foi firmado com a Fepam, com acompanhamento do Ministério Público. Em relação ao lançamento estar fora de parâmetro ou não, ele observou que a Prefeitura não tem como afirmar, porque cabe à Fepam fiscalizar, sendo que o Município não tem acesso aos dados. Koester enfatizou, ainda, que quando o expurgo começa a assorear a margem no Lago Guaíba, causa problema, porque a lama começa a sair nas casas e escorre na via pública, o que gerou uma notificação da Prefeitura.
Até o fechamento desta edição, a Gazeta não conseguiu contato com o setor responsável da Fepam a fim de esclarecer como está sendo feita a fiscalização neste caso.
O que diz a Corsan
A gerência da Unidade da Corsan em Guaíba enviou uma nota para responder os questionamentos da Gazeta Centro-Sul a respeito do expurgo do tratamento de água que vai direto para o Lago Guaíba.
A nota justifica a água que corre em uma saída em frente à Praça, no Calçadão, como sendo “água que retornou devido ao entupimento na ponta da rede, após a Avenida, que está assoreada. Nos próximos dias, vamos fazer o desassoreamento na parte do Lago e a limpeza daquela rede com hidrojateamento para fluir sem extravasar”.
Em relação ao lodo ser despejado diretamente no Lago, sem tratamento, a Corsan informou o que segue.
“A Estação de Tratamento do Lodo está na fase final de obra. No mês de setembro, vamos iniciar os testes preliminares e, no mês de outubro, se tudo estiver correto, não será mais necessário fazer o expurgo para o Lago”.
Foto: LA/Gazeta
Publicado em 04/8/23