Se eu fosse numeróloga, estaria operando com os algarismos deste novo ano, concentrada, para anunciar as boas novas que ele trará ao mundo. Quem sabe até ajudar, com somas e produtos, a prevenir possíveis desastres naturais e guerras. Mas não sou.
Em se tratando de números, meu trabalho sempre foi o de resolver problemas, reais e imaginários, buscando resultados certos. Sem previsões nem julgamentos, apenas cumprindo a tarefa de alcançar a prova real.
Contudo, sou otimista convicta e acredito no bom humor como terapia preventiva das melhores, então escolhi iniciar este janeiro brincando com números, numa modalidade unicamente positiva, com a honestidade cabível.
Coloquei a imaginação a trabalhar, e permiti que meu hábito de ver o lado bom de tudo se soltasse com total liberdade.
Dois mil e vinte e quatro (2024) é um ano par, e isso, por si só, já teria sido suficiente para hipnotizar de alegria pessoas que viviam na Antiguidade, pois tudo indica que acreditavam na divisibilidade por dois como símbolo de esperanças renovadas. Na verdade, em se tratando de números pares, isso certamente se dava pela dualidade que existe na natureza – o dia e a noite, o Sol e a Lua, o homem e a mulher, o bem e o mal. Na possibilidade primitiva de relacionar certos grupos de pares, colocá-los em correspondência, como as mãos e os pés.
E se é assim que caminha a Humanidade, para que contrariar a nossa própria História, implicando com a hegemonia dos pares?
Sigamos, assim, analisando a possibilidade de bons presságios. Vejamos a soma dos quatro algarismos que formam 2024: 2 + 0 + 2 + 4 = 8. Transferindo o valor para o nosso alfabeto, eis que encontramos o agá, oitava letra. A inicial de harmonia e honradez, de heroísmo e humildade, valores que homeopaticamente construímos para um dia se tornarem a maior herança nossa.
Lembremos, também, nesta viagem pela oitava letra, de que há, nos dias de hoje, um novo horizonte para conquistarmos o habitat ideal. Ao som de harpas e harmônicas, nossas vozes heterogêneas certamente se farão uníssonas. Tudo depende da habilidade que tivermos no trato uns com os outros e com a própria existência.
Como um hiato entre problemas de dois anos ímpares, talvez o agá signifique que finalmente conseguiremos ser, nestes doze meses do ano novo que têm soma igual a oito, um planeta hospitaleiro e comprometido com o bem-estar de todos que nele habitam.
Atravessando a fronteira do otimismo, de repente me dei conta de que 2024 pode ser, sim, um ano alvissareiro, desde que essa responsabilidade seja assumida por todos nós, os humanos.
Agá, oitava letra do alfabeto, é inicial da espécie a qual pertencemos. Já é um bom sinal!
Cristina André
cristina.andre.gazeta@gmail.com
Publicado em 5/1/24