Aqui é que gostamos de viver, nestas terras sulistas encerrando o Brasil, apontando para terras e mares espraiados mundo afora.
Há gente de outros pagos que se gaba das temperaturas altas o ano todo, vangloria-se com sotaque de fala arrastada e chiados.
Exibindo batucadas e carnavais com bonita propriedade, diz que sua cultura é mais verdadeira, garante ter maior brasilidade.
Um grande engano de quem não sabe do que é feito esse Estado, que desconhece as belas histórias de amores nativos e imigrados.
Somos assim, no Rio Grande do Sul, nossa fala tem sotaque agressivo, brincadeiras parecem brigas, nossos risos são gaitadas.
Ou isso ou aquilo, colorado ou gremista, de direita ou de esquerda, gente posicionada, espaço reduzido para meios-termos.
Um pouco feitos de italianos e alemães, portugueses e africanos, indígenas e árabes, identidade vinda de boas e fortes misturas.
Gaúchos de nome, como nossos vizinhos, cantamos tango e samba-enredo, milonga e pagode, chamamé e bossa nova.
Até nos estádios de futebol, entoamos o Hino do Estado e o Nacional, ambos aprendidos na escola como sendo os nossos.
Únicos em beleza feminina, no modo do Brasil sul-americano, exportamos modelos e vinhos a mundos que se dizem primeiros.
Chimarrão é a bebida local, feito à moda da casa, erva-mate amarga com água quente sem ferver; leva-se para toda parte.
Haja sol ou chuvarada, queremos estações diferentes, verões de derreter, invernos de bater queixo, e lagartear depois do almoço.
O melhor lugar para se viver é aqui, no extremo sul do País, lar de revolucionários, o vinte de setembro nos dando ares de dupla cidadania.
Cristina André
Publicado em 19/9/25