Diretamente da série de bizarrices da vida real a que temos informações, entre os fanatismos interesseiros e as narrativas políticas convenientes, que fogem da verdade como o diabo da cruz, eis que surgem novidades, dia sim outro também, que me colocam a pensar no mundo em que vivemos com certa preocupação.
Mesmo acreditando que o percentual de pessoas lúcidas e do bem seja muito maior do que dos integrantes dessa turma acima citada, vez por outra me sinto impactada pela maneira de se portarem.
Tenho mergulhado em cuidadosa reflexão cada vez que tomo conhecimento de conflitos – políticos, financeiros, religiosos, sociais, jurídicos – divulgados de acordo com o gosto ideológico de quem os comunica, provavelmente chegando até nós sem a devida segurança em relação à veracidade dos fatos.
Na maior parte das vezes, dando ênfase especial aos detalhes tecnológicos e financeiros, religiosos e políticos, desvalorizando sobremaneira as vidas humanas diretamente envolvidas, as consequências para suas famílias, o compromisso que deveria existir em relação ao contexto e às leis. Colocando as pessoas em desumano segundo plano.
Assim temos vivido, feito espectadores atônitos, acompanhando a guerra entre Ucrânia e Rússia, o permanente conflito de judeus e palestinos, a divisão dos brasileiros causada pelo alinhamento injusto no trato de cidadãos comuns e dos verdadeiros descumpridores das leis.
E quando parecia que nada poderia piorar, entraram em cena casais que adotaram bebês reborn, bonequinhas que se parecem com crianças de verdade. E formaram-se famílias, vejam só, que exigem seus direitos ao atendimento hospitalar das suas crianças de brinquedo.
Agravando esse quadro, feito por alguns falsos pintores com as nossas vidas reais, outras esquisitices têm sido frequentes, pinceladas surrealistas que colocariam obras de Salvador Dali na categoria de suave aquarela. Especialmente no setor de publicidade e invencionices de consumo, que se propagam com velocidade supersônica nas redes sociais atrás de lucro rápido e sem compromisso social.
Eis que, de repente, nos pega de surpresa a notícia de que há gente querendo comprar um sabonete feito com água do banho de uma jovem atriz norte-americana. Isso mesmo, sabonete feito com a água que restou depois do banho de alguém, ideia abraçada por uma linha masculina de cosméticos.
Diretamente da série de bizarrices da vida real a que temos informações, nas quais a lucidez e a verdade fogem como o diabo da cruz.
Cristina André
Publicado em 6/6/25