É chato ser chato

0
COMPARTILHAMENTOS
14
VISUALIZAÇÕES

Há algum tempo o Brasil e o mundo vêm passando por um fenômeno extremamente chato e fora de propósito: o ‘politicamente correto’. O escritor Guilherme Fiúza (aquele mesmo do ‘Meu Nome Não é Johnny’) tem a seguinte tese: “O politicamente correto continua sendo o melhor disfarce para o intelectualmente estúpido”.

Sem saudosismos, quem viveu os anos 80 teve toda a despreocupação do mundo em relação às coisas mais simples. A convivência entre as pessoas era bem mais livre e mais tranquila. Eu, por exemplo, tenho muitos amigos negros – e jamais discuti com eles por causa disso. Os apelidos eram Feijão, Buiú, Carvão… enquanto eu era chamado de branquelo e alemão batata. Nenhum problema com isso. E os gordinhos? Rolha de poço, cara de lua, bolota. Os magrelos: vara de pescar, pau de virar tripa, minhoca esticada. Os baixinhos viravam salva-vidas de aquário, bandeirinha de futebol de mesa, segurança de baile infantil. Ou melhor: segurança não, Leão de Chácara. Hoje, esse tipo de profissional é o “disciplinador”. Caso a coisa extrapolasse, as diferenças eram resolvidas como tinha que ser: no tapa e na rua.

Agora, tudo é bulling. Tudo é agressivo…

A TV, que propaga, acusa ou defende o cinismo e a hipocrisia de acordo com o seu interesse, até bem pouco tempo tinha um programa humorístico chamado “Os Trapalhões”. Didi Mocó e sua turma eram especialistas em piadas racistas com seu colega negro, o Muçum, em pleno final de tarde de domingo. Crianças e adultos adoravam. Jô Soares tinha um personagem chamado Capitão Gay, com direito à musiquinha, coreografia e indumentária rosa pink. Tudo isso era aceito sem frescuras e sem cara de choro por parte das minorias.

Graças ao politicamente correto o mundo atual não permite mais expressões simples e coloquiais. Acredite se quiser: se você não lembrar o nome e chamar um amigo negro de… ‘black man’ ou ‘neguinho’, ele certamente não vai se incomodar porque o relacionamento entre vocês é saudável e inofensivo. Mas se alguém escutar, prepare-se para ser acusado de racista e provavelmente responder judicialmente por isso. O mesmo vale para os gays, judeus, gordos, alemães, baixinhos, carecas. Idoso agora é ‘melhor idade’. Melhor idade para quem, cara-pálida??? Bandido é ‘suspeito’ ou ‘excluído do sistema capitalista e opressor’. Quem viveu épocas mais leves, fica perplexo com o que está acontecendo. As pessoas estão chatas. O mundo está chato. O ser humano está chato. Mas o politicamente correto está insuportável.

 

* * *

O Internacional tem sido, ano após ano, a maior promessa do futebol brasileiro. Faz mais de uma década que o colorado começa o ano tendo como referência ‘o bom momento vivido no campeonato anterior’. Daí, contrata quatro ou cinco nomes, na maioria estrangeiros, caros, mas de qualidade duvidosa. Basta para que a crônica esportiva e boa parte da (iludida) torcida proclame: “esse ano vai…”

Invariavelmente, em algum momento o time enfileira um número de vitórias. O Beira Rio lota nos jogos… aumenta o preço do ingresso… ruas de fogo… churrasquinho no Parque Marinha… mas a alegria de pobre dura pouco. Normalmente as derrotas chegam quando não poderiam, em jogos decisivos e para adversários sem muita relevância. E a expectativa de títulos volta a escorrer por entre os dedos colorados. Por isso, o Inter tem se tornado a decepção mais sagrada do ano no futebol brasileiro. Sem medo de errar. Quer perder sempre??? Aposte no Inter!!!

Daniel Andriotti

Publicado em 8/8/25

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Assine o jornal digital da Gazeta Centro-Sul e leia de qualquer lugar! Acessar X