Dezembro chegando, naturalmente me envolvo em pensamentos natalinos, no significado que esse mês tem para as famílias cristãs. Sobretudo, na importância da reunião que celebra o nascimento do Cristo, com seus símbolos e sua vibração positiva que me toca o coração.
Assim sendo, aceitei sem titubear a sugestão da Família para passearmos em Gramado com o objetivo de apreciar a decoração de Natal e assistir a descida atlética do Papai Noel na bela Catedral de Pedra de Canela. Além, é claro, da boa mesa que a Serra Gaúcha oferece, dos vinhos, dos chocolates, e daqueles ares de prosperidade e educação que a gente gosta de respirar por lá.
Ao fazermos um esboço de roteiro, revisando as principais atrações turísticas, eis que uma delas me chamou a atenção: o Space Adventure Park, em Canela, incluindo o Planetário. Especialmente pela temática que sempre me encanta, que é o extraordinário e incomensurável Universo em que vivemos. Pois somos, na verdade científica material, habitantes de “um pálido ponto azul”, como escreveu Carl Sagan ao se referir à foto da Terra, feita pela sonda espacial Voyager 1, em 14 de fevereiro de 1990, a seis bilhões de quilômetros de distância daqui.
E lá fomos nós, rumo à decoração natalina, à boa mesa e um destino novo, associado à Nasa, que eu estava ansiosa para conhecer. Especialmente pelos astronautas da Apollo 11 – Neil Armstrong, Michael Collins e Edwin Aldrin – que marcaram meu universo infantil com sua chegada à Lua. E da mensagem que mexeu com minha emoção, enviada por Armstrong a todos nós que estávamos em Terra, junto com a imagem da sua pegada no solo lunar, a primeira: “Um pequeno passo para o homem, um grande salto para a Humanidade”.
Foi um ótimo passeio, como geralmente acontece nas visitas à Serra Gaúcha, com tudo de bom que oferece aos visitantes. Desta vez, porém, pela surpreendente e encantadora aventura que compartilhamos no Space e no Planetário, o passeio ultrapassou as expectativas. Incluindo a sensação de estar na Apollo 11, passando pelas antigas salas de controle da Nasa, assistindo vídeos da época, analisando réplica da cápsula onde os três astronautas retornaram à Terra.
Para mim, em especial, pela forte emoção que me envolveu ao entrar no grandioso espaço em homenagem às mulheres da Matemática que, nos anos cinquenta, sem terem seus nomes divulgados pela cultura da época, fizeram o trabalho que hoje é realizado por computadores. Algumas, pela inteligência e o jeito feminino único de atentar aos mínimos detalhes, corrigiram cálculos fundamentais, sugerindo procedimentos para tomadas de decisões acertadas, criando normas para o comprometimento de checagens cuidadosas. Uma delas, vejam só, criou o primeiro programa de computador da Nasa.
Dezembro chegando, pensamentos natalinos envoltos em ciência e religiosidade, emoções a nos surpreender neste “pálido ponto azul” em que vivemos.
Cristina André

