O trânsito nas regiões metropolitanas das grandes cidades brasileiras – no Sul não é diferente – já está um caos há muito tempo. Nos horários de ‘rush’, início da manhã e final de tarde, o número de veículos parece se multiplicar em progressão geométrica nas ruas. Isso evidencia o colapso do transporte coletivo do país: caro, lerdo, ruim e ineficiente. Mas isso é assunto para um outro artigo que prometo escrever nos próximos dias.
A questão é que, como se não bastasse o engarrafamento nosso de cada dia, seja pelo excesso de carros, pela imperícia de alguns ou pelo abuso de outros, pelos acidentes, pelas obras inacabadas ou pela ineficácia da estrutura de fluxo, agora a moeda de troca dos protestos contra qualquer coisa é o bloqueio de rodovias. É a materialização do “nada é tão ruim que não possa piorar”. O alvo da hora é a – antes estatal, agora privatizada – empresa de geração e distribuição de energia elétrica a cada vez que um vento, que não precisa ser forte, derruba postes velhos ou joga galhos sobre a uma rede elétrica frágil e confusa.
Nos protestos que interrompem rodovias de grande fluxo, moradores queimam pneus, madeira e erguem cartazes com frases reprovando sobremaneira a prestação de serviços da CEEE Equatorial. Tudo isso sob o olhar complacente da polícia que realmente não tem muito o que fazer a não ser tentar amenizar a revolta de ambos os lados. E aí começa uma outra discussão chamada “direito de ir e vir do cidadão”. É profundamente lamentável que num país desse tamanho a súplica de uns – que não são poucos – só sejam ouvidas com o transtorno da vida de outros, que também são milhares. Se isso não é fim do mundo, é o ensaio geral…
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Eu estava relutando em falar sobre futebol, mas… o Inter continua sendo o Inter. Enquanto a competição valia apenas três pontinhos na tabela o time parecia o Manchester City. Bastou um jogo decisivo que o chamado – pela crônica esportiva tendenciosa – de ‘constelação’ virou uma chuva de meteoritos fracassados. Sim, a cobrança displicente de um pênalti por parte de um zagueiro inexpressivo que não consegue ganhar a titularidade de um colega tão medíocre quanto ele, já é um sinal que tudo não está tão bem assim. Mas não foi só isso. O Inter, com o plantel que tem, com a ‘vibe’ positiva do momento e com um Beira Rio fervendo com 40 mil pessoas, não poderia ter deixado o jogo ir para as penalidades. E no entanto, veio o mais do mesmo de sempre: sofreu um gol de cabeça graças à uma zaga extremamente limitada. Do meio para a frente o Inter é uma seleção. Do meio para trás, com exceção do goleiro, parece um time de várzea do interior de Tucunduva. Só não perdeu o jogo no tempo normal – o que na minha opinião merecia ter acontecido – pelo simples fato de ter sucumbido diante de um Juventude limitado, mas motivado, porque ‘achou’ um gol na metade do segundo tempo.
E lá se vão oito longos anos sem vencer o único campeonato que o Inter poderia vislumbrar a chance de ser campeão. Mais uma vez a sofrida torcida colorada terá que assistir pela TV – praticando aquilo que vem se especializando ao longo dos últimos anos, que é secar o principal adversário – numa decisão que historicamente foi batizada de ‘matriz contra filial’. Isso porque há quem diga que contra o Inter o Juventude é um leão macho alfa. Contra o Grêmio, um gatinho mimado. E para piorar, o treinador do time da serra ainda é ‘cria da casa’ adversária…
Como pagar esse mico? No débito ou no crédito? Tem aproximação ou prefere pix???
Daniel Andriotti
Publicado em 29/3/24