Estão acontecendo muitos fatos que servem para exemplificar o título acima, mas vou me deter na política brasileira. Eu acredito que este seja um dos momentos políticos mais difíceis pelos quais estamos passando no País, devido à polarização entre grupos de fanáticos, que desprezam a realidade movidos pelo faciosismo.
Estes dias, me enviaram um texto pelo WhatsApp cujo título é – “Uma escolha fácil”. Nele, a autora argumenta que na próxima eleição para presidente da República teremos uma escolha fácil a fazer, justificando com uma série de comparações entre o bem e o mal, induzindo os leitores a crerem que Lula representa o bem e Bolsonaro o mal. Lá pelas tantas, a articulista ironiza os eleitores que votaram em Bolsonaro (sem citar o nome do eleito) para se livrarem da corrupção. E segue na argumentação da escolha fácil na próxima eleição, considerando as opções já definidas entre o bem e o mal. O texto parece ter sido escrito por uma adolescente, mas não foi, pelo contrário.
Também recebo textos na mesma linha, exaltando o Bolsonaro, como se este fosse o bem, o salvador da Pátria; um mito pra fazer estátua e fincar no topo do morro.
Entendo que o mais grave nestas manifestações fanáticas, que pregam o bem contra o mal, considerando que o bem é seu político de estimação, é o fato de serem puxadas por pessoas maduras e não por adolescentes ou jovens ingênuos.
Esta polarização brasileira é sustentada por interesses de poder e, consequentemente, econômicos. O time que deixou de mamar no Governo X o time que ganha dinheiro com o Governo. A grande e velha imprensa, em sua maioria, aderiu à guerra de narrativas e se tornou militante. E as redes sociais, por sua vez, cada vez mais, retratam um campo de batalha digital onde todos os guerreiros são donos da verdade. Quem discorda é cancelado.
Temos direito de opinião e de defendermos nossas crenças como quisermos, desde que não haja desrespeito aos que pensam diferente. E nesta linha, discordo da articulista cujo texto me foi enviado pelo WhatsApp. Se as alternativas estiverem somente no balaio populista, entendo que será uma escolha difícil a se fazer em outubro.
Vivemos momento penoso no Brasil por três motivos básicos. Primeiro, porque estamos patinando para sairmos de uma pandemia que afetou a todos; segundo, porque nenhum governo na história se preocupou em implantar um programa sustentável de distribuição de renda; e, terceiro, porque não estamos discutindo projetos para construirmos um País melhor, mais justo e igualitário de verdade. A luta é por likes, políticos de estimação e dinheiro.
Fatos Reveladores
Existem fatos e fakes, mas no fundo o que importa mesmo são os fatos reveladores.
Recentemente, foi divulgada, em rede nacional, uma pesquisa de intenção de voto para presidente na qual foram entrevistadas apenas mil pessoas por telefone em todo o Brasil.
Puxei fundo o ar, e continuei lembrando dos santinhos do pau oco; do Lula e do Alckmin juntos escutando o hino da Internacional Socialista; do Bolsonaro tirando a máscara de uma criança no auge da pandemia; da Anitta e do Pabllo Vittar influenciando “massas”; da Globo vendendo a tragédia da pandemia e os perigos da contaminação no mesmo pacote do carnaval da Globeleza; das pessoas que exaltam torturador e pregam a volta do AI5.
Lembrei do Mensalão e do Petrolão e o quanto de dinheiro público foi roubado; lembrei que, depois de cinco anos, o STF anulou todas as condenações do Lula, confirmadas em três instâncias; lembrei que corruptos confessos do Petrolão estão devolvendo mais de R$ 6 bilhões; lembrei da força do populismo no Brasil, tanto na esquerda quanto na direita; lembrei que a imprensa se tornou militante; e lembrei que o debate de ideias morreu.
A Pergunta da Tia Alaíde
A Tia Alaíde me perguntou o que penso das pesquisas de intenção de voto que estão sendo divulgadas todos os dias no Brasil em relação à eleição para presidente da República. Pedi dez minutos…
– Oi Tia! Antes de responder a sua pergunta, quero ressaltar que eu acredito em pesquisas sérias, imparciais, feitas com base científica. Tanto acredito, que trabalho com isso.
Agora, sobre a sua pergunta específica a respeito das pesquisas que estão sendo divulgadas no País todos os dias, respondo citando um exemplo entre tantos. Em 2020, as pesquisas de intenção de voto apontavam que a Manuela d’Ávila seria eleita, com folga, prefeita de Porto Alegre. Sebastião Mello, que sequer passaria para o segundo turno, foi eleito o prefeito. Boa noite, tia!
Voltando pra Aldeia
E neste contexto eleitoral, o PL do Onyx Lorenzoni reuniu os bolsonaristas da Aldeia, em evento no DTG Caiboaté, no dia 30 de abril. Ver matéria nesta edição.
De forma explícita, a cúpula do governo local vai se dividir em duas frentes distintas na campanha eleitoral. O prefeito Marcelo Maranata (PDT) é Ciro Gomes, e a vice é Bolsonaro. Discursos antagônicos.
Imagino a seguinte cena: até as 17h30, todos juntos e misturados despachando na Prefeitura, enovelados em lutas de silêncio. Depois do expediente, convivência pedregosa e picles verbal.
Na Surdina…
Conheço a Aldeia, os caciques e os índios. Então, afirmo que, em Guaíba, vai ter gente com adesivo do Ciro para manter o emprego, mas, escorregadiço como bagre, entregando santinhos do Bolsonaro na surdina.
Leandro André
leandro.andre.gazeta@gmail.com
Publicado em 6/5/22
Excelente este contraponto ao artigo infeliz Uma Escolha Fácil.