Não é fácil tentar acompanhar, em tempo real, uma Olimpíada realizada no Japão, um país que fica – em relação ao nosso – literalmente do outro lado do mundo. São 12 horas de diferença num fuso horário que, por mais que a gente queira assistir a todas as modalidades que os vários canais de TV a cabo mostram, tem um momento em que sono nos aplica um cruzado de direita no queixo e nos põe a nocaute. Maratonar? Quase impossível. Ainda mais quando lá a temperatura é de 28 graus e aqui é dois, com sensação térmica de menos 10.
Mesmo que a gente entenda que o Brasil – desde sempre – é um mero coadjuvante numa olimpíada, assistir atletas brasileiros competindo nos dá um certo orgulho. Até mesmo naquelas modalidades em que, sabemos, eles ficarão em último lugar. Não tem sido, por exemplo, o caso da natação e da ginástica artística.
Quando se trata dos esportes coletivos, o primeiro que vem à nossa cabeça, é claro, é o futebol, aquele com o qual o brasileiro já há algum tempo anda num momento ‘DR’, de discutir a relação. Talvez por isso, descobri que em se tratando de uma olimpíada, quatro entre cada cinco conterrâneos, preferem assistir ao futebol feminino do Brasil do que ao masculino. Até porque a camisa 10 do Brasil feminino é vestida pela Marta. Do masculino, pelo Richarlison…
Em tese, o segundo esporte coletivo na preferência do brasileiro é o vôlei, onde a gente deposita grande esperança no time masculino, atual medalha de ouro. Mas são as meninas que estão invictas até aqui. No handebol, a coisa não está muito animadora para ambos os sexos. Mas vamos deixar combinado que handebol não é muito a nossa vocação, né? Menos pior, no entanto, do que o basquete, onde homens e mulheres não conseguiram classificação para sequer, disputar essa olimpíada. Nós que já subimos tantas vezes no pódio com o basquete, seja com Hortência, Magic Paula e Janeth ou com Oscar, Marcel, Carioquinha e Marquinhos…
Mas o esporte é encantador porque sempre nos surpreende: justamente naquelas modalidades que nunca antes estiveram numa olimpíada é que o Brasil botou as suas primeiras medalhas no peito: prata no skate, com a pequena notável Rayssa “Fadinha” Leal, de apenas 14 anos; e com Kelvin Hoefler, atletas que nunca se tinha ouvido falar. E o ouro, no surf, com o não-menos conhecido Ítalo Ferreira, enquanto que Gabriel Medina, o queridinho da mídia, ganhou… um muito obrigado, boa viagem e até a próxima competição.
Até aqui eu acho que sim, os árbitros se equivocaram em algum momento nas suas decisões onde o Brasil foi prejudicado. Isso para não dizer que fomos ‘roubados’, principalmente no judô e no surf. Mas quem foi – por ‘coincidência – diretamente beneficiado em ambos os casos? Os japoneses. Onde é mesmo que a Olimpíada está ocorrendo? Em Tóquio, que é a capital do…
* * *
Mas a realidade tupiniquim é outra. Grêmio e Inter agonizam no ranking da ruindade absoluta nessa quase pós-pandemia. O imortal tricolor, eliminado da Copa Sulamericana, alimenta alguma esperança na Copa do Brasil ao mesmo tempo em que se enterra cada vez mais no submundo da zona do rebaixamento do Brasileirão. O colorado, por sua vez, expurgado da Copa do Brasil e da Libertadores por adversários tão ou mais medíocres do que ele, parece já descansar em berço esplêndido em plena metade do ano e ainda no primeiro turno do campeonato Brasileiro, onde já não almeja mais nada na única competição que lhe resta a não ser lutar para não voltar para a segundona.
É muito pouco para a elite do futebol numa capital que tem dois campeões do mundo, com estádios no padrão Fifa e com folhas de pagamento que, juntas, beiram os R$ 20 milhões. Mais do que o orçamento mensal de muitas cidades do interior desse Brasil…
Daniel Andriotti
Publicado em 30/7/21.
Não é fácil tentar acompanhar, em tempo real, uma Olimpíada realizada no Japão, um país que fica – em relação ao nosso – literalmente do outro lado do mundo. São 12 horas de diferença num fuso horário que, por mais que a gente queira assistir a todas as modalidades que os vários canais de TV a cabo mostram, tem um momento em que sono nos aplica um cruzado de direita no queixo e nos põe a nocaute. Maratonar? Quase impossível. Ainda mais quando lá a temperatura é de 28 graus e aqui é dois, com sensação térmica de menos 10.
Mesmo que a gente entenda que o Brasil – desde sempre – é um mero coadjuvante numa olimpíada, assistir atletas brasileiros competindo nos dá um certo orgulho. Até mesmo naquelas modalidades em que, sabemos, eles ficarão em último lugar. Não tem sido, por exemplo, o caso da natação e da ginástica artística.
Quando se trata dos esportes coletivos, o primeiro que vem à nossa cabeça, é claro, é o futebol, aquele com o qual o brasileiro já há algum tempo anda num momento ‘DR’, de discutir a relação. Talvez por isso, descobri que em se tratando de uma olimpíada, quatro entre cada cinco conterrâneos, preferem assistir ao futebol feminino do Brasil do que ao masculino. Até porque a camisa 10 do Brasil feminino é vestida pela Marta. Do masculino, pelo Richarlison…
Em tese, o segundo esporte coletivo na preferência do brasileiro é o vôlei, onde a gente deposita grande esperança no time masculino, atual medalha de ouro. Mas são as meninas que estão invictas até aqui. No handebol, a coisa não está muito animadora para ambos os sexos. Mas vamos deixar combinado que handebol não é muito a nossa vocação, né? Menos pior, no entanto, do que o basquete, onde homens e mulheres não conseguiram classificação para sequer, disputar essa olimpíada. Nós que já subimos tantas vezes no pódio com o basquete, seja com Hortência, Magic Paula e Janeth ou com Oscar, Marcel, Carioquinha e Marquinhos…
Mas o esporte é encantador porque sempre nos surpreende: justamente naquelas modalidades que nunca antes estiveram numa olimpíada é que o Brasil botou as suas primeiras medalhas no peito: prata no skate, com a pequena notável Rayssa “Fadinha” Leal, de apenas 14 anos; e com Kelvin Hoefler, atletas que nunca se tinha ouvido falar. E o ouro, no surf, com o não-menos conhecido Ítalo Ferreira, enquanto que Gabriel Medina, o queridinho da mídia, ganhou… um muito obrigado, boa viagem e até a próxima competição.
Até aqui eu acho que sim, os árbitros se equivocaram em algum momento nas suas decisões onde o Brasil foi prejudicado. Isso para não dizer que fomos ‘roubados’, principalmente no judô e no surf. Mas quem foi – por ‘coincidência – diretamente beneficiado em ambos os casos? Os japoneses. Onde é mesmo que a Olimpíada está ocorrendo? Em Tóquio, que é a capital do…
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Mas a realidade tupiniquim é outra. Grêmio e Inter agonizam no ranking da ruindade absoluta nessa quase pós-pandemia. O imortal tricolor, eliminado da Copa Sulamericana, alimenta alguma esperança na Copa do Brasil ao mesmo tempo em que se enterra cada vez mais no submundo da zona do rebaixamento do Brasileirão. O colorado, por sua vez, expurgado da Copa do Brasil e da Libertadores por adversários tão ou mais medíocres do que ele, parece já descansar em berço esplêndido em plena metade do ano e ainda no primeiro turno do campeonato Brasileiro, onde já não almeja mais nada na única competição que lhe resta a não ser lutar para não voltar para a segundona.
É muito pouco para a elite do futebol numa capital que tem dois campeões do mundo, com estádios no padrão Fifa e com folhas de pagamento que, juntas, beiram os R$ 20 milhões. Mais do que o orçamento mensal de muitas cidades do interior desse Brasil…
Daniel Andriotti
Publicado em 30/7/21.