O que filmes como Star Wars, E.T., Harry Potter, Indiana Jones, Jurassic Park, Tubarão e Super Man têm em comum, além de muita tensão e ficção? Por detrás de todos esses clássicos do cinema mundial existe um maestro americano chamado John Williams Júnior para nos arrepiar com suas trilhas sonoras. Hoje, com 91 anos, coleciona prêmios como cinco Oscar, três Grammy e quatro Globos de Ouro, entre outros.
Mas meu compositor favorito para trilhas sonoras de filmes épicos não é John Willians, apesar de todo esse extenso currículo. Eu sou um remanescente da paixão por filmes de faroeste, do inglês ‘far west’ ou oeste extremo. Essa é a legítima expressão que define o gênero. Oeste extremo americano, é lógico. Também conhecido por ‘bang bang’, batismo popularizado pelo som dos tiros. Tiros que causam mortandades desenfreadas. De índios, de lobos, de cavalos, de cowboys, de homens maus, feios e sujos. Meus prediletos? “Sete Homens e Um Destino”; “Por Um Punhado de Dólares”; “Três Homens em Conflito” (que no Brasil chegou como “O Bom, o Mau e o Feio”); e o top mega plus “Era Uma Vez no Oeste”, entre tantos outros que renderia mais uma coluna igual a essa só citando títulos do gênero. Neles, a fina flor da selvageria, de poucos sorrisos mas muita rapidez no gatilho das Wintchester’s e dos Colt’s 45: Charles Bronson, Lee Van Cleef, Buck Jones, Franco Nero, Paul Newman, Giulliano Gemma, Burt Lancaster, Lee Marvin, Robert Redford, Tommy Lee Jones, Terence Hill, James Stewart, Yul Brynner, Steve McQueen e… eles, os ícones incontestáveis, Clint Eastwood e John Wayne, não necessariamente nessa ordem. E as mulheres Maureen O’Hara e Stefanie Powers, é claro.
Mas o que seria desses filmes épicos e seus atores malvados se muitos dos tiroteios não fossem silenciados pela trilha sonora? Essa introdução que ficou maior do que eu gostaria é para falar de alguém que não está mais aqui: o maestro italiano Ennio Morricone, um dos compositores mais influentes e geniais da história do cinema e que compôs centenas de obras clássicas para sonorizar a maior parte dos filmes de tiroteios no velho oeste.
Não bastasse a trilha sonora dos westerns que tanta gente gosta, Morricone também foi o responsável pelo repertório musical de outro filme que faz parte do meu cardápio de clássicos preferidos: “Cinema Paradiso”. Cada uma das músicas, incluindo o tema-título, é da mais alta sensibilidade que escancara o toró de lágrimas que é o drama de Giuseppe Tornatore, de 1988. “Os Intocáveis”, de Brian de Palma, com Robert de Niro, também é um filme que gosto muito. E a trilha é de quem? Sim, é dele. Como também foi ele que enriqueceu o universo do espanhol Pedro Almodóvar no clássico “Ata-me”. Mas seu prêmio mais emblemático é um Oscar para as canções de “Os Oito Odiados”, produzido e dirigido por ninguém menos do que Quentin Tarantino, em 2015.
Morricone foi ímpar até na hora da partida, aos 91 anos. Ele deixou escrito o seu próprio obituário onde se despede de amigos e familiares com um texto ímpar mas encerra com uma homenagem à mulher Maria Travia, com quem foi casado durante 64 anos. E encerrou assim: “…por último mas não menos importante, Maria. Renovo a você o extraordinário amor que nos uniu e que lamento abandonar. Para você, o adeus mais doloroso”.
Genial, até no pior momento.
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Meus amigos gremistas não gostam muito quando digo que a sorte do Grêmio é inabalável, enquanto que o azar do Inter é interminável. Dentro e fora do campo. O imortal consegue encontrar gols inexplicáveis aos 49 do segundo tempo e seu arquirrival adora sofrer gols patéticos aos 52. Mas nos sorteios e chaveamentos a vantagem é ainda maior: pelas oitavas de final da Copa do Brasil, o Grêmio poderia enfrentar agora, adversários como Flamengo, Palmeiras, São Paulo… mas não: pegou o mais fraco deles, o Bahia. Já o colorado, pela Copa Libertadores, num sorteio contra outros 15 clubes, onde poderia estar enfrentando Bolívar, Deportivo Pereira, Olímpia… vai bater de frente, na próxima rodada com o…. River Plate. Ou seja: o tricolor jura ter ingerido a pílula da imortalidade. O Inter está com ela engasgada na goela. Não desceu. E não tem água ou pedaço de pão que empurre.
Daniel Andriotti
Publicado em 7/7/23