The book is on the table?

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Na última sexta-feira começou um dos mais tradicionais eventos literários do Rio Grande do Sul: a Feira do Livro de Porto Alegre que, esse ano, entrou na sua 68ª edição. Em razão disso, esse artigo será metalinguístico, voltado ao cenário da leitura no Brasil e no mundo.

Está cientificamente comprovado que ler é um exercício cerebral capaz de estimular novas ligações neurais. Mas o que exatamente isso quer dizer? Que a leitura pode contribuir para a prevenção de doenças como o Alzheimer, por exemplo. Além disso, uma boa história pode nos levar a lugares que jamais imaginamos visitar, conhecer pessoas e dramas distantes da nossa realidade. Tudo isso e mais um pouco contribui para a formação e o desenvolvimento de uma outra perspectiva de mundo.

Que a leitura é indicada por profissionais – principalmente psicólogos – muitos de nós já sabemos. No entanto, poucos percebem que a literatura vem perdendo cada vez mais espaço no mundo tecnológico e digital, onde tudo está a um clique de distância. Dados mostram que o brasileiro lê, em média, cinco livros por ano. Atualmente, durante o tempo livre, as pessoas preferem assistir a algum seriado em plataformas de streaming ou viajar por horas e horas em alguma rede social. De 2015 a 2019, o Brasil perdeu cerca de 4,6 milhões de leitores, principalmente nas faixas etárias dos 14 aos 24 anos. Mas vamos combinar: nem tudo é tristeza nesse cenário. As redes sociais também trazem um comportamento positivo para esses usuários que se interessam por livros. No aplicativo “TikTok”, existem perfis que abordam exclusivamente indicações e análises críticas de livros. Logo, num fragmento de tempo, mesmo que virtual, pode-se dividir e debater sobre um livro. A atividade fica mais atraente e serve como incentivo para que outros usuários mantenham o mesmo hábito.

Mas lógico, o avanço da tecnologia tem o seu lado ruim: ele contribui para a redução da existência dos livros físicos. Os dispositivos conhecidos como “e-readers” são aparelhos que, além da praticidade, possuem sua própria loja virtual onde é possível pagar para obter o exemplar digital do livro desejado. Um golpe para os conservacionistas apreciadores do tato com o papel e com o cheiro da tinta da impressão.

Um outro aspecto é o preço: o valor de um exemplar não pode ser ignorado mesmo que ambas as versões custem quase o mesmo valor. Um livro pode custar o dobro de uma mensalidade de um serviço de streaming, só para citar uma das atividades que substituiu o hábito de ler nos últimos tempos. E é lógico, somos brasileiros: a pirataria é ‘parceira’ do universo dos leitores. Livros em formato PDF estão disponíveis até mesmo antes das editoras fazerem o lançamento e podem facilmente serem transferidos para smartphones ou para e-readers.

É importante lembrar que nunca deixamos de ser leitores:  lemos tudo, o tempo todo, seja nos posts das redes sociais, seja nos outdoors das rodovias e até mesmo (ainda) em jornais como esse que você tem nas mãos. Mas cada vez que lemos um livro, somos convidados a mudar a nossa ótica sobre um determinado assunto. Até mesmo sobre a vida, muitas vezes. Um mesmo livro traz diferentes perspectivas para cada novo leitor. E assim, é nosso dever e nossa salvação, compartilhar e multiplicar com outras pessoas toda e qualquer nova descoberta sobre um mesmo conteúdo.

 

* * *

Domingo voltaremos à zona. A eleitoral. Um tanto quanto menos ou mais convictos do que fomos há alguns dias. Dos debates, restaram duas certezas: a primeira é a do baixo nível nas ofensas mútuas. A segunda, a das promessas que, sabemos, em sua grande maioria, não poderão ser cumpridas. De ambos os lados.

 

Daniel Andriotti

Publicado em 28/10/22

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