Tarcísio e Glória

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O que sempre me encantou em Tarcísio Meira e Glória Menezes, desde os tempos de menina, devo confessar, não foram somente suas boas atuações em novelas e filmes. O ingrediente que me fazia parar e direcionar toda a atenção para a tela da tevê, acompanhando minha Mãe na audiência daqueles antigos programas de auditório, era a presença daquele casal apaixonado,  contando suas histórias da vida real como se fossem enredos de filmes, daquele amor que acontecia sem ensaios ou textos decorados de novelas.

Foram muitas as vezes em que adiei tarefas escolares, larguei boas leituras e meus discos preferidos só para ver o Tarcísio e a Glória contarem sobre a primeira vez em que se viram, falarem a respeito das delicadezas que cada um havia feito para o outro; de como certas ausências abalavam seus corações, da felicidade dos reencontros. Adorava aquela reafirmação do amor que prosperava nos palcos da vida.

Muitos anos foram fechando meus calendários, tornei-me adulta. Mas nunca abandonei o antigo hábito, que começou na casa materna e se firmou vida afora, de parar para ver aquele casal de artistas, prestar atenção no que contavam sobre suas vidas plenamente compartilhadas.

Pareciam sempre enamorados, o Tarcísio e a Glória, nutriam com a esperança de eternidade todos os amores em curso, tranquilizavam corações. E deve ter sido por isso que minha apreensão aumentava na medida em que eles amadureciam. Comecei a ter receio de que o romance deles chegasse ao fim, que talvez esse fosse o destino de todos os amores, até mesmo o deles, nos tempos da maturidade. Ledo engano.

Quando soube da morte do ator Tarcísio Meira, aos 85 anos, logo pensei na Glória Menezes. Gostava de vê-los juntos, me tocava o coração ouvi-los falar em suas vidas reais. E havia boas razões para sentir-me assim.

Desde menina, a presença de Tarcísio Meira e Glória Menezes nos antigos programas de auditório que minha Mãe assistia me faziam parar em frente à tevê. O ingrediente principal daquele casal era o amor que sentiam um pelo outro, a esperança de eternidade que davam aos corações apaixonados.

Queriam provar que amor verdadeiro é para sempre. E conseguiram.

 

Cristina André

cristina.andre.gazeta@gmail.com

Publicado em 13/8/21.

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