Durante um bom tempo os noticiários nos assustavam com manchetes do tipo: “uma missão do FMI deve chegar ao Brasil nos próximos dias…”. O FMI, para quem não sabe, é o Fundo Monetário Internacional, uma organização financeira que empresta dinheiro para países endividados ou em dificuldades econômicas. De 1998 a 2005 o governo brasileiro muitas vezes precisou recorrer a empréstimos do FMI para equilibrar suas finanças, submetendo-se às exigências de cortes nos investimentos e de ajuste fiscal impostos aos países devedores. O pânico entre os pobres mortais é que quando se fala em empréstimo bancário, a progressão geométrica dos juros tira o sono de qualquer vivente. E se o devedor é o governo, o povo sabe quem vai pagar a conta…
No entanto, esse é um pesadelo que não nos assombra mais. De devedor, passamos a emprestar dinheiro ao FMI. O velho, surrado e roubado Brasil possui hoje mais de U$S 320 bilhões em reservas internacionais. Ou seja: não precisamos mais da ‘caridade financeira internacional’. Mas alto lá!!! Que milagre foi esse que nos tirou da mendicância e nos transformou em miliário assim tão subitamente? Milagre nenhum. Foi o efeito transformador da revolução agrícola dos últimos 40 anos como o fato mais importante da história econômica recente do país. A produção rural trouxe aos nossos cofres os dólares que nunca tivemos. Isso porque a ‘riqueza-indústria’ do Brasil expandiu suas vendas para o mundo, conquistou novos mercados e gerou superávits à balança comercial que libertaram a economia brasileira das dívidas com bancos estrangeiros. Esse mesmo agro para o qual o presidente Lula torce o nariz o tempo todo…
A agricultura, a pecuária e a atividade industrial que está ligada a elas respondem, hoje, por metade de todas as exportações brasileiras em que pese todas as limitações de logística e de infraestrutura de escoamento de safra que um país do tamanho do nosso ostenta. Só no ano passado foram U$S 160 bilhões e, certamente, esse ano um novo recorde será batido. Ou seja: nada transformou tanto a nossa economia nos últimos anos – e fez o país tão competitivo do ponto de vista econômico – quanto a produção rural. Para se ter uma ideia, o Mato Grosso sozinho responde por um volume de produção de soja (só para citar o carro-chefe do agro brasileiro) muito maior do que todo o território argentino é capaz de colher. Nas últimas quatro décadas a produção agropecuária brasileira se desenvolveu de tal forma que num futuro próximo o Brasil será o grande fornecedor de alimentos para o mundo. Hoje ainda existem três à nossa frente: a União Europeia, os Estados Unidos e a China.
A comunidade científica ligada à esquerda internacional – mas que não costuma recusar o convite para um bom churrasquinho – alerta para os riscos que a pecuária em larga escala trazem ao planeta. Isso porque o ‘pum’ das vacas contém altos índices de metano, gás que contribui sobremaneira para o efeito estufa do planeta. Por sua vez, o presidente Lula também não deixa passar em branco a oportunidade de dizer que o agro é nefasto para o Brasil. Tanto que o elegeu como principal inimigo do seu governo. Uma afirmação que soa praticamente como um suicídio econômico. É mais ou menos como se a Arábia Saudita fosse contra a exploração de petróleo no seu território. Lula e seus partidários extremistas preferem acreditar que o MST é a grande força produtiva do setor rural que vai alimentar o Brasil com abóboras e arroz ‘agroecológico’. Detalhe: o MST, no campo, pode chegar no máximo a ser comparado com uma nuvem de gafanhotos…
Daniel Andriotti
Publicado em 09/6/23