Somos Únicos em Humanidade

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Quando penso no futuro das nossas crianças, me causa certo desconforto a incerteza em relação ao que farão na vida adulta. E esta questão incomoda muita gente, como aquela música sobre os elefantes que a criançada adora cantar.

São outros, estes tempos, de vozes artificiais desvendando caminhos para motoristas, compras sem vendedores, convites e conversas à distância. E muitas profissões consagradas perdendo o próprio sentido sem que saibamos como será daqui para a frente.

Por vezes, parece existir um universo incomensurável habitado pelas diferenças entre nossas antigas infâncias e o dia a dia das novas crianças que iluminam a vida.

Saudosistas que somos, ao observá-las cheias de desenvoltura, manuseando computadores e celulares, brincando com miniaturas perfeitas, gostamos de lhes contar como aconteciam nossos dias antes da internet. Explicamos, tintim por tintim, como era jogar taco na calçada, pedir às mães que nos fizessem cinco-marias com sobras de tecido e arroz cru; falamos sobre os suores frios para tirar a vareta preta de uma enrascada.

Eis que o interesse que demonstram pelo que fazíamos muito nos surpreende. E é na simplicidade destes preciosos momentos que a Humanidade realmente toma as rédeas, colocando sofisticadas inteligências artificiais em segundo plano.

De repente, o que parecia ser abismo intransponível vai se transformando em delicada e invisível passagem secreta para unir dois mundos. Entram em cena corações e almas que todos carregamos através dos tempos, é o que nos permite seguir em frente contando boas histórias de ontem às crianças de hoje, enquanto elas nos devolvem a felicidade única de voltar a aprender.

Quando penso como deverá ser o mundo adulto das nossas crianças, a dúvida toma conta da razão. Porque são outros, estes tempos. Há um universo todo feito de diferenças entre velhas e novas infâncias, com aclamado predomínio de inteligências artificiais.

Contudo, ao observá-las enquanto ouvem histórias antigas, fazendo perguntas ou simplesmente brincando com suas modernidades infantis, sou abraçada pela emoção positiva, meu coração se espreguiça tranquilo. Na cena, há muito sentimento atravessando os tempos, garantindo nossa humanidade.

Compreendo, então, que somos mesmo únicos. Nada que seja artificial poderá ser como nós.

 

Cristina André

Publicado em 31/5/24

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