Síndrome de Estocolmo

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Em 1978, dez anos antes de ser promulgada a Constituição da Nova República, o então jovem estudante Renato Russo, com apenas 18 anos, escreveu a letra de “Que País é Esse?”, música que somente nove anos depois, sua banda, a Legião Urbana, lançou. Eis a primeira estrofe:

 

“Nas favelas, no Senado,

Sujeira pra todo lado,

Ninguém respeita a Constituição

Mas todos acreditam no futuro da nação…”

 

Que país é esse em que a funkeira MC Pipokinha, que destratou uma educadora mas ‘não quis confrontar’ porque a categoria da educação é muito mal remunerada enquanto ela recebe R$ 70 mil por show? Pois é nesse mesmo país, que MC Pipokinha é tratada como deusa enquanto que muitos professores que deram suas vidas para protegerem alunos de atentados foram esquecidos…

Que país é esse em que o bandido sai de uma audiência de custódia antes do policial e que numa emergência de SUS esse mesmo bandido tem prioridade no atendimento?

Que país é esse que todo caminhão que se acidenta numa rodovia é saqueado por ricos e pobres? Que país é esse que as pessoas não podem ver um erro num anúncio de promoção e já querem tirar proveito? Que país é esse que as pessoas roubam bens e pertences daqueles que tiveram que abandonar suas casas inundadas pela enchente?

Que país é esse que uma aula de português virou palanque ideológico onde a criança em alfabetização aprende o sentido de “todos” como um pronome indefinido neutro mas se confunde pois lhe apresentam o “todes”, a partir do delírio de uma militância carente de atenção?

Que país é esse que numa sala aula de educação financeira ninguém diz para uma criança que dinheiro não dá em árvore, nem cai do céu, que só prospera quem trabalha muito e honestamente, administrando de forma coerente seus próprios recursos; e que nenhum político caridoso que vai tirar os pobres da linha da miséria?

Que país é esse que numa aula de ciências ninguém explica para uma criança que quando nascemos, somos, biologicamente, do sexo masculino ou feminino?

Que país é esse que numa aula de história, ninguém diz para uma criança que todos os países socialistas terminam da mesma forma? Com genocídio, fome, ditadura e morte.

Que país é esse em que homossexuais usam camisetas estampando o rosto de um dos maiores homofóbicos que a humanidade já teve, chamado Che Guevara?

Isso porque na minha humilde e modesta opinião, o Brasil vive uma eterna “Síndrome de Estocolmo”, onde a vítima de agressão, sequestro ou abuso desenvolve uma ligação sentimental ou empatia pelo seu aproveitador. A esquerda, no Brasil, elegeu seu primeiro presidente em 2002. O reelegeu em 2006. Se manteve em 2010, se reelegeu em 2014; quase  retornou em 2018, mas voltou em 2022 dizendo que mudaria o Brasil. E o nosso país continua sendo um dos mais pobres, mais corruptos e um dos mais violentos do mundo.

 

* * *

E o Inter pariu uma bigorna para eliminar o River Plate terça-feira, em mais um daqueles jogos épicos, recheados do mais absoluto requinte de crueldade com o seu torcedor pelas oitavas de final da Copa Libertadores da América. Quando estava 2 a 0, resultado que garantia o colorado na próxima fase e tudo parecia resolvido, eis que a nossa ingênua zaga, sempre ela, aos 90 minutos, permite que os argentinos façam o gol que levaria o jogo para os pênaltis. O desfecho todo mundo já sabe. Mas não precisava ser tão sofrido. Tá certo. Se fosse fácil não seria o Inter…

Daniel Andriotti

Publicado em 11/8/23

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