Sempre Trabalhei

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Meu primeiro emprego foi aos 14 anos, na Casa Masson, em Porto Alegre, onde meu pai trabalhava. No mês de dezembro, o movimento do comércio era intenso, devido ao Natal, e as lojas bombavam, então precisavam de ajudantes “faz tudo”, um guri como eu.

Era aluno estudioso, tirava notas boas na escola e passava por média, entrando em férias já no mês de novembro. Com isso, abriu-se o caminho para uma atividade remunerada, com carteira assinada, apesar do período curto (temporário). Gostei. Eu buscava e levava mercadorias do depósito à loja e vice-versa; buscava lanches para os colegas mais velhos na padaria da Avenida Presidente Roosevelt, no chamado 4º Distrito de Porto Alegre. Era só me chamar e eu aparecia cheio de disposição.

Sempre fui observador, o que facilitou no aprendizado para fazer pacotes. Como a Casa Masson era uma empresa que atendia clientes das classes A e B, a exigência era grande. Eu sabia que um pacote da Casa Masson era tão importante quanto o seu conteúdo, então me esmerava. Minha meta era ser o melhor do setor e acabei me tornando o melhor, considerando o ranking dos elogios da clientela. Após concluir o pacote, esperava o elogio, e quando recebia o peito estufava e eu quase flutuava. Até hoje, sou craque no pacote para presente.

E foi assim dos 14 aos 17 anos, trabalhando nos meses de dezembro na Casa Masson, onde tive momentos importantes, de valorização do dinheiro que recebia com o meu trabalho. Não gastava meu salário com bobagens, mas aproveitava com o que gostava, dentro dos recursos disponíveis, o que me deu noção de limites.

Naquela época, eu adorava quindim e Fanta Laranja. Então, com o primeiro salário, comprei uma caixa de quindins e uma Fanta litrão, que devorei sozinho em meu quarto numa sentada. É claro que passei mal e por muito tempo me arrepiava com alimentos amarelos. Mas a experiência me ensinou o significado de excesso.

Aprendi muito trabalhando. Aprendi a me socializar, a valorizar o dinheiro, a não ter preconceito, a cair e levantar, a não desistir, a ficar aberto para aprender, a fazer bem-feito, a respeitar, a compartilhar, a me defender e me valorizar. Foi uma escola de vida durante o tempo que trabalhei nos meses de dezembro na Casa Masson.

Aos 18 anos, fui emancipado para abrir a minha empresa, o Curso de Inglês Know-How, que me trouxe para Guaíba, e onde trabalhei por mais de vinte anos. Depois, fundei o Instituto People e a Gazeta Centro-Sul; muito desta história está registrada no livro Guaíba-Outra Margem.

Conto esta minha iniciação ao mundo do trabalho como celebração pelo Dia do Trabalhador, 1º de Maio. E se minha história servir de reflexão para uma única pessoa sobre a importância de começar cedo a trabalhar, de forma adequada, sem exploração, terei cumprido meu objetivo.

Todo o trabalho executado com respeito entre empregador e empregado, sem exploração e sem interferir na escola, começando no momento certo, é uma lição de vida fundamental para se ter uma vida orgânica bacana.

 

Se funcionar…

Estão sendo anunciados vários projetos para serem executados no contraturno escolar em Guaíba, conforme a Gazeta divulgou na edição do dia 22 de abril. Se o que está sendo anunciado funcionar na prática, vai ser uma grande ação social, uma das maiores realizadas pelo poder público na Aldeia.

Por ser experiente, não cozinho na primeira fervura, e por saber que entre um anúncio e a sua prática existe uma prateleira daquelas do supermercado da Terra de Gigantes, eu prefiro aguardar para comemorar. Na torcida para dar certo.

 

Não é a Casa da Mãe-Joana

O espaço da pista de Skate em Guaíba, localizada no Parque da Juventude, foi criado para a prática do esporte e não para orgias nas madrugadas, com estava acontecendo. Os próprios skatistas entendem assim, pelo menos vários deles.

O Governo Municipal e as autoridades da Aldeia agiram certo ao tomarem medidas para terminar com a bagaça, conforme divulgou a Gazeta na semana passada.

 

Descarte Irregular de Lixo

Na manhã de quinta-feira, 28, a Gazeta recebeu denúncia sobre o descarte irregular de lixo doméstico que estaria acontecendo no aterro sanitário, no Morro Maximiliano, em Guaíba. Questionei a Prefeitura sobre isso, mas até o fechamento desta edição impressa eu não havia recebido retorno.

 

Leandro André

Publicado em 29/4/22

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