Em geral, as campanhas eleitorais municipais são dramáticas, pela proximidade dos candidatos rivais no mesmo cenário disputando o voto da vizinhança; tudo junto misturado com eleitores, cabos eleitorais e bandeirolas.
Normalmente, quem está com a máquina da Prefeitura tem vantagem. É assim em toda parte. O que pode equilibrar o jogo é o resultado da gestão, com avaliações para mais ou para menos.
Além disso, nos quase quarenta anos que cubro eleições municipais, constatei que a escolha do voto tem muito de assistencialismo, muito. Uma quantidade grande de eleitores vota por emprego, consulta médica, aterro, cesta básica, apoio em questões jurídicas e burocráticas, e por aí vai; ajudou, levou. Ruim, isso, mas é assim. Procura-se o “não pode”.
A legislação eleitoral veda muita coisa em se tratando de opinião. Aliás, atualmente, opinião em nosso País, dependendo do lado, dá condenação e até cadeia. Acendeu a luz vermelha.
Em respeito aos candidatos, evito fazer análises profundas neste período barulhento. Mas prometo que, após o pleito, farei análises sobre o que estou observando nessa caça ao voto, principalmente aqui na Aldeia. O que mais me impressiona é quando vejo candidatos fazendo qualquer coisa (inclusive irregular) para aparecer na “mídia”, sintonizando com a picaretagem da hora.
As respostas das candidaturas aos temas que a Gazeta Centro-Sul vem levantando todas as semanas têm revelado quem é quem nesta disputa, mas o correto neste momento é deixar o eleitor avaliar.
Performances dos Candidatos
Gosto de curtir as performances dos candidatos, as estratégias e a criatividade para conquistar eleitores.
O Marcelo Maranata, que já gostava de abraçar as pessoas, impulsionou esta característica. Ele abraça forte o que encontra pela frente. Me contaram que, esses dias, ao entrar na Jonas Modas, ele deu um quebra-paleta num manequim. Acho que é exagero, mas não duvido. Essa semana, uma novidade, o Maranata passou a interpretar o Willian Bonner no Jornal Nacional da Aldeia.
A Cleusa Silveira não é de muita fala nem de abraço efusivo, pelo menos não se compara com seu oponente quando se trata de abraço, mas compensa com um sorriso congelado no rosto. Tem feito abordagens caminhando nas ruas, de casa em casa, de portão em portão, sempre com aquele sorrisão Colgate. Dizem que já foi vista cochilando sorrindo, mas acredito que isso é fofoca.
O Guilherme Schneider, com estilo hippie recém-chegado de Woodstock, surfa no discurso filosófico, defendendo a construção política que transcende a eleição e tal. Me contaram que uma senhora, na Colina, pediu para fazer foto com o Guilherme para colocar o retrato na parede do seu quarto ao lado do pôster da Janis Joplin. Não sei, acho que isso é invenção.
Os Brotos
Como não cozinho mais na primeira fervura, na minha juventude se chamava uma pessoa jovem de broto; se fosse bonitinho ou bonitinha, era brotinho.
Circulando pela cidade e observando as bandeirolas dos candidatos nos canteiros e analisando os santinhos que me espetam na barriga nas ruas, percebi que muitos estão bem diferentes nas fotos em relação à vida real devido ao tratamento das imagens no photoshop. Vários candidatos já bem rodados se transformaram em brotos nas propagandas eleitorais.
A Tia Alaíde me contou que, na tarde ensolarada de quarta-feira, foi abordada por uma senhora enquanto caminhava na Rua São José. Vote na fulana, disse a mulher. A Tia Alaíde prontamente elogiou a atitude da mãe fazendo campanha para a filha, só que, na verdade, era a própria candidata, um broto na propaganda.
A Cadeirada
A eleição para a Prefeitura de São Paulo roubou as atenções de todo o Brasil nesta campanha eleitoral. O candidato Pablo Marçal, ao quebrar o sistema, está causando rebuliço no processo tradicional, desconcertando segmentos da esquerda e da direita ao mesmo tempo; jornalistas ativistas e arrogantes, até então intocáveis, estão descontrolados.
Resumo da bufa, o outsider chutou o balde, levou cadeirada e o sistema tratou de culpá-lo pela agressão que sofreu. E agora, José?
Leandro André
Publicado em 20/9/24