O atendimento na área da Saúde é um problema nacional. O Sistema Único de Saúde (SUS), apesar de sua atuação abrangente, muitas vezes é ineficiente. E o que impressiona neste contexto é que nem sempre a falta de dinheiro é a causa principal das dificuldades, mas as falhas de gestão.
Ao longo dos 29 anos de circulação, a Gazeta Centro-Sul vem abordando, com frequência, esta questão do sistema público de saúde, em especial, sobre os serviços prestados em Guaíba e Região. São sistemáticas as queixas da população em relação à falta de médicos nos plantões e ao número insuficiente para atender a demanda no Pronto Atendimento (PA).
Há oito anos, em uma entrevista à Gazeta, o então vice-prefeito de Guaíba, Rogério Souza, que respondia pela Secretaria Municipal de Saúde, justificou que as dificuldades se concentravam na falta de alguns médicos aos plantões, com comunicados de última hora. Segundo ele, isso fazia com que o atendimento ficasse a descoberto, agravando os transtornos. Antes disso, o então prefeito Henrique Tavares, que é médico, também em entrevista à Gazeta, explicou que a questão da remuneração dos médicos inviabilizava as contratações, tanto via concurso público quanto por meio de sistema terceirizado. Portanto, o problema é conhecido há bastante tempo e ainda não foi solucionado: a população segue se queixando da falta de médicos na Cidade.
A Prefeitura de Guaíba investe a maior parte de seu orçamento em Saúde, mas não consegue manter um serviço satisfatório. Isso sinaliza que é preciso rever a gestão do sistema, bem como solucionar a questão da remuneração dos médicos.
Outro ponto que precisa ser esclarecido para a sociedade se refere às competências – obrigações do município, do Estado e da União, para que as cobranças aconteçam nas devidas esferas de poder. A classe política deve assumir este papel. Na maioria das vezes, o que se vê é a oposição alardeando o problema, visando o desgaste do governo, sem a cobrança onde ela deveria acontecer. Na sequência, quando os opositores assumem a Prefeitura, a crítica se inverte, com o mesmo foco no desgaste político, sem compromisso efetivo com a solução.
Diante deste quadro desajustado, que vem de longe, no qual há um montante relevante de recursos públicos aplicados com resultados insuficientes; em que a causa da falta de médicos se deve à baixa remuneração; e uma ação política eleitoreira em revezamento, acende a luz amarela da necessidade mudanças estruturais.
Os sucessivos governos municipais prometem melhorar o setor, o que não acontece na prática. Espera-se que as promessas de mudanças para qualificar o atendimento sejam cumpridas o mais breve possível.
Publicado em 13/5/22