Saudades e Flores

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O dois de novembro é dedicado à celebração das pessoas queridas que já partiram desta vida. Nesta data especial, criada há mais de mil anos pelo monge beneditino Odilo de Cluny, a tradição religiosa recomenda fazermos orações por suas almas, para que sejam purificadas. Além disso, no Dia de Finados, muitas pessoas levam flores aos túmulos para demonstrar carinho e respeito, amor e gratidão. Amigos próximos e, principalmente, a família de cada uma, pois é esse importante grupo social que concede importância histórica às vidas de gente comum como nós, sem feitos grandiosos que influenciaram a Humanidade, sem fama artística nem grande poderio político.

O amor com respeito, aliado ao tempo dedicado às conversas para contar sobre nossa história de vida, é que fortalece as lembranças, mantendo-as vivas através das gerações.

Cada novembro que chega traz na bagagem um mar de boas lembranças e saudades; sobretudo, de compreensão sobre a própria vida, que, dando graças, ainda sinto pulsar forte em mim. É nestes dias de escolher flores e pensar nos tempos passados que uma indescritível sensação de agradecimento me abraça e me comove pelo que a vida permitiu que eu compartilhasse com essas pessoas que são personagens importantes da minha história.

O segundo dia desse mês que celebra saudades e memórias é de inspiração e delicadeza em minha vida. Antes mesmo de outubro ir embora, meu coração, emocionado, mergulha nas lembranças da Mãe escolhendo flores para levar ao túmulo do Pai – por todos nós, ela dizia. Anos mais tarde, seguindo seus passos, começamos a levar flores também para ela – por todos nós e pelo Pai, eu repetia a mim mesma.

E a vida, atravessando o universo feito cometa divino no cumprimento dos nossos destinos, levou também a irmã adotiva que foi como segunda mãe, o irmão mais velho, a sobrinha, tios e tias, primos e primas, dindos e dindas, cunhado e cunhada, sogro e sogra, colegas de escola, amigos e amigas. Gente querida, nas quais penso com muito carinho, que são parte da minha própria história.

Sobre todas elas, gosto de falar nas conversas em família e com amigos, para mantê-las vivas na memória e nos corações. Para que suas histórias atravessem gerações feito cometas divinos.

 

Cristina André

Publicado em 1/11/24

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