Cada governo que começa nova gestão faz uma reforma administrativa. A justificativa é ajustar a máquina para executar o plano de governo da melhor maneira possível. Isso acontece desde a criação do primeiro governo no mundo e segue assim no chamado mundo democrático.
A expectativa é de que as mudanças propostas gerem resultados positivos para a sociedade, uma máquina mais eficiente, com a prestação de melhores serviços públicos. Acontece que, na prática, raramente isso acontece. Os modelos até podem ter a justificativa de gerar eficiência, mas quando se observa com um pouco mais de atenção, percebe-se que a kombi continua cheia de pedras e com o freio de mão puxado, subindo a lomba na sofrência.
Quase sempre estas reformas administrativas visam a colocação de quadros que ajudaram a eleger o governo por meio de cargos de confiança, que chamam de cargos em comissão para disfarçar, mas são os velhos CCs.
O Disponível Fiel
A grande questão que embaralha tudo não está só na quantidade, mas na qualidade. Se os CCs fossem todos competentes, a eficácia do serviço estaria garantida. Mas sabemos que não é assim. Num grupo político, não há muitos quadros competentes capazes de desenvolver suas funções com excelência. Em geral, são pessoas disponíveis no mercado de trabalho.
Diante deste contexto de reforma administrativa, na maioria das vezes a mexida não muda coisa alguma.
É verdade que há empresários e profissionais que, em nome de um projeto, dedicam parte de seu tempo para colaborar, pessoas qualificadas profissionalmente que decidem compartilhar seus conhecimentos com a gestão pública, visando dar sua contribuição para um governo no qual acreditam. Isso acontece, mas não é comum. A regra é abrir vagas para os disponíveis, aqueles que amaçam barro na campanha eleitoral e se atiram de corpo e alma na captação de votos, visando uma vaga com bom salário ali adiante. Queria estar enganado, mas não estou.
Essa semana, em sessão extraordinária na Câmara Municipal, mais uma vez o projeto do Governo foi barrado na Justiça. Ver matéria nesta edição.
Se a Reforma acabar passando, daqui a três anos vamos ver se houve melhora significativa no serviço público.
O Bom Trabalho
Aqui neste espaço criticamos quando tem que criticar e elogiamos quando é justo elogiar. Em relação à atuação da equipe da Prefeitura de Guaíba no pós-temporal do dia 17, é preciso destacar o comprometimento e o esforço para atender as famílias que tiveram suas casas atingidas. Agilidade na distribuição de telhas, lonas e alimentos.
O comportamento de parcela significativa da população, ajudando com doações e com o trabalho voluntário, também precisa ser destacado.
Prefeitos Surpreendidos
Em nota oficial divulgada nesta quinta-feira, 27, os prefeitos que integram a Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal) manifestaram-se surpresos com a publicação de portaria da Secretaria Estadual de Saúde, que determina a implementação dos novos critérios do Programa Assistir para o dia 1º de março. A medida retira R$ 205 milhões da Saúde da Região, o que trará sérios prejuízos à população, segundo a entidade.
Os prefeitos se queixam da falta de diálogo prévio do Governo Estadual. Eles alegam que o SUS é tripartite e recebe verbas federais, estaduais e municipais. Portanto, quando se altera o sistema da Região Metropolitana, automaticamente há reflexos em todo o Estado, visto que um grande volume de pacientes do interior é atendido nos hospitais da Capital e da Região Metropolitana.
Esta estratégia de tirar verba de uma região para colocar em outra, sem um estudo bem aprofundado e diálogo com os envolvidos, nunca funciona. Incrível como ainda aconteça.
Contaminação Recorde
Impressionante como a contaminação do coronavírus está se alastrando e já começa a complicar a lotação dos hospitais novamente. Ver matéria nesta edição da Gazeta Centro-Sul. Pelo menos parece que a vacina está funcionando. Ela não evita o contágio, mas tem evitado mortes, conforme os dados registrados. A maioria das pessoas internadas em UTIs não tomaram a vacina, segundo relatos de trabalhadores da Saúde.
CMPC abre espaço para parcerias
No dia 25 de janeiro, a CMPC lançou o programa RS + Renda, visando ampliar sua produção de matéria-prima, o eucalipto para a fabricação de celulose, por meio de parcerias com produtores rurais de 71 municípios do Rio Grande do Sul. Uma estratégia inteligente, considerando que, por tratar-se de empresa estrangeira, a legislação não permite novas aquisições de terras pela companhia.
Em resumo, a empresa fornece suporte técnico, mudas, participa da colheita e do transporte e ainda pode antecipar a compra da madeira. A meta, para 2022, é obter um acréscimo de 15 mil hectares de florestas de eucalipto.
Confira a reportagem completa sobre o Programa nesta edição da Gazeta.
Leandro André
leandro.andre.gazeta@gmail.com
Publicado em 28/1/22