Proponho um Brinde

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Trazendo o que resta dos tempos carnavalescos de antes, fevereiro reabre alas, carregando o estandarte de mais um aniversário meu. Na comissão de frente das minhas lembranças, poucas festas de momo, muitos aniversários inesquecíveis.

Preparo-me para jantar com a família e comemorar a data, é hora de me aprontar para sair. No retocar da maquiagem, vejo novas marcas que o tempo fez em meu rosto; no pentear dos cabelos, noto que alguns fios de cabelo branco já se livraram do tonalizante.

Ao me afastar um pouco do espelho, para me olhar inteira, percebo que o traje escolhido é mais discreto do que em outros carnavais. Tornei-me uma mulher madura, por dentro e por fora, seguindo o curso natural dessa minha preciosa existência.

Sorrio a mim mesma ao sentir que estou tão viva quanto nos dias de estreia nos palcos da vida. E brindo, diante da própria imagem refletida, feliz pelo que ainda pretendo.

Ao passar pela sala, vejo flores e presentes que chegaram, paro e releio cartões, com suas frases poéticas inspiradoras e seus desejos de felicidade, agradeço em silêncio. Abro a caixa dos chocolates, escolho um e saboreio sem culpa, pois é meu aniversário. E faço um brinde, ali mesmo, pelos encantadores perfumes e sabores que sigo experimentando.

A caminho da comemoração, leio novas mensagens que chegam pelo celular, algumas de bem pertinho, outras de muito longe, todas com dizeres carinhosos e lisonjeiros que me deixam emocionada. Com uma taça invisível, então, brindo por todos esses anos em que tenho acreditado no indispensável afeto da família e dos bons amigos.

Já estamos à mesa do jantar, quitutes temperados com as conversas alegres. É hora de saborearmos novas histórias, de contarmos casos que aconteceram naquele mundo de antes, lá de onde viemos. Aos poucos, nosso encontro caseiro parece grandiosa festa de aniversário, a melhor de todas.

Falando sobre datas festivas que virão, combinamos passeios novos, posamos para fotos, relembramos outros encontros felizes. Brindamos, então, taças no ar e tilintando, pela data carnavalesca do meu nascimento, desejando que se repita.

De volta à casa, neste fevereiro que me traz o aniversário, luar espelhado nas águas, ao tirar a maquiagem vejo que não sou mais aquela jovem de antes, o tempo me fez uma mulher madura, por dentro e por fora. Em silêncio, mais uma vez agradeço por todos esses anos vividos. Sorrio ao inventariar o amor encontrado, a família construída, o trabalho diário, os natais e os anos-novos, os milhares de risos soltos, as lágrimas e os acenos, os abraços amigos.

E proponho um brinde a esta vida minha, que insiste em me permitir tanta emoção e felicidade.

Cristina André

cristina.andre.gazeta@gmail.com

Publicado em 24/2/23

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