Os prefeitos montam seus governos, basicamente, com correligionários e apoiadores da campanha eleitoral. Depois da festa da vitória, é chegado o momento de escolher o secretariado, os diretores municipais e os assessores. A fila é grande, mas a proporção da competência não acompanha. Isso acontece em quase todos os municípios do mundo. É tarefa difícil para os prefeitos escolherem seus assessores.
Em geral, no time da governança (serve para todas as esferas de poder) há um grupo expressivo de bajuladores do chefe. Para manter o emprego, focam nos elogios e capricham na performance. Em certas situações, até rodopiam.
É bom ser bem tratado, receber elogios e incentivos, mas começa o problema quando a bajulação esconde a realidade. A situação é crítica e o adulão reduz a importância. É aí que mora o perigo.
A realidade deve ser encarada, os problemas devem ser bem interpretados para que possam ser resolvidos da melhor maneira possível; e a verdade tem de ser conhecida na sua essência. Um gestor precisa de assessoramento profissional e não de plateia aplaudindo por nada.
Uma pausa para ressaltar que não estou pregando a formação de um comando de “urubulinos” na volta do prefeito. Nada disso.
Acompanho a política partidária há bastante tempo, o suficiente para alertar sobre o tanto de prejuízo causado por bajuladores de carteirinha. No time, eles não ajudam, vivem de intrigas, e quando são dispensados tiram a máscara e cospem no prato que comeram.
É claro que a maioria dos prefeitos conhece os bajuladores e seus rodopios ardilosos, encarando isso como comportamentos que fazem parte do contexto político. No entanto, quem está sentado naquela cadeira de comando, com a caneta na mão para tomar decisões importantes, muitas vezes não percebe o perigo por traz da performance dos adulões.
Ilusão é a falta de percepção ou de entendimento que prejudica os sentidos.
Populismo nas Américas
Em geral, os povos americanos têm um defeito de fábrica, bastante agravado nas américas Central e do Sul. São devotos fervorosos de governos populistas. Acreditam em salvadores da pátria e só se ferram. Por traz deste comportamento bizarro, tem sempre uma elite interesseira, pregando moral de cuecas.
Governo populista gera povo pobre e elite rica, muito rica, independentemente se é de esquerda ou de direita.
Informação Tóxica
Teve um tempo em que eu almoçava assistindo TV, mais precisamente noticiários. O prato de comida na mesa e a desgraceira rolando na televisão a poucos metros. Eu não percebia que estava me intoxicando.
Então, teve um dia que eu saboreava uma lasanha de queijo, daquelas de comer gemendo, quando a notícia destacava uma mulher que judiava das crianças em uma creche, raspando as mãos dos pequenos no muro áspero. A lasanha trancou na minha garganta diante daquela malvadeza contada com dramaticidade pela repórter. Foi então que percebi o grande absurdo que é se alimentar vendo noticiário na TV. Nunca mais almocei assistindo telejornais.
Importante destacar que a informação é vital para o ser humano, mas quando em demasia, com fonte duvidosa e no momento inadequado, pode se tornar tóxica.
Gente que faz as refeições olhando o celular está se intoxicando sem perceber. Não importa o conteúdo da mensagem, a prática é tóxica porque rouba o momento sublime da alimentação, do tempo de compartilhar a experiência presencial à mesa.
Se eu tivesse lido um texto parecido com este, alertando para o perigo da informação tóxica, eu provavelmente não levaria tanto tempo almoçando com a TV ligada.
Leitura do Editorial
A população está reclamando da falta de médicos em Guaíba. Este é um problema antigo na Aldeia. Na verdade, é um problema geral na maioria das cidades brasileiras.
Mas, trazendo a questão para a nossa realidade, recomendo a leitura do Editorial da Gazeta Centro-Sul desta edição, principalmente para os políticos.
Anúncios Antecipados
Depois da desistência da Ford de instalar uma montadora em Guaíba, anunciada como a mais moderna do mundo, e que não aconteceu, nos tornamos desconfiados na Aldeia. Como se não bastasse, nos anos seguintes ao trauma coletivo, aconteceram diversos eventos naquele deserto para anunciar a vinda de empresas que nunca vieram, inclusive uma fábrica de caminhões.
Eu sempre lembro que naquela época dos anúncios em série eu engordei de tanto comer empadinhas e rissoles nas festas dos lançamentos de pedras fundamentais de empresas fantasmas. Quando me dei conta do teatro, já estava roliço.
O Maranata é um prefeito empolgado, tem ideias bacanas, é moderno e isso pode ajudá-lo na sua missão de governar a Cidade. No entanto, a ânsia que ele tem de anunciar o pão que recém foi para o forno está embaralhando seu governo.
Leandro André
leandro.andre.gazeta@gmail.com
Publicado em 13/5/22