Precisamos falar sobre a Malala

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O noticiário internacional, neste mês de agosto, vem destacando a retomada do poder pelos talibãs no Afeganistão. O grupo guerrilheiro extremista não respeita os Direitos Humanos, especialmente no que se refere às mulheres, que sequer podem aprender a ler e escrever. Essa é a interpretação dada por eles ao livro sagrado da religião islâmica, crença oficial no país.

E se o assunto é talibã, perseguição e agressão às mulheres e ao seu direito à Educação, precisamos falar na luta liderada por uma jovem nascida no Paquistão, país asiático que faz fronteira com o Afeganistão, e também com o Irã, a China e a Índia.

Precisamos falar sobre Malala Yousafzai, hoje com 24 anos, há pouco tempo formada em Filosofia, Política e Economia pela Universidade de Oxford, na Inglaterra. A filha de um professor e ativista social paquistanês que desde a infância, acompanhando seu pai, se manifestava como uma guerreira pelo direito à Educação para as meninas do mundo inteiro.

Quando o talibã tomou o poder em seu país, no ano de 2009, em uma região turística chamada Vale do Swat, essa menina, que tinha apenas doze anos, começou a enviar notícias à rede BBC (Londres) e ao New York Times (Nova York), por meio de um blog que ela assinava com pseudônimo, sobre as atrocidades cometidas pelos golpistas. Já era uma ativista internacional em nome da garantia ao acesso à Educação.

Mas o ataque dos extremistas contra a vida daquela menina, que ousou defender a liberdade da construção do saber para todos, não tardou. Aos catorze anos, na volta da escola, um grupo armado que estava do outro lado da rua, em um veículo, perguntou às estudantes que estavam por perto: “Quem é a Malala?”. E a resposta foi imediata e unânime: “Não sei…”. Um deles, porém, que a teria reconhecido, apontou para sua cabeça e atirou. Acreditando ter eliminado aquela extraordinária defensora dos Direitos Humanos, deixou o local com seus comparsas. Ela foi levada para um hospital inglês, com sua família, e sobreviveu. Para o bem de todas as meninas do mundo.

Durante a semana, fui atenta aluna de mais um curso oferecido pela PUCRS. Uma das professoras convidadas era a jovem paquistanesa Malala Yousafzai, Prêmio Nobel da Paz aos dezessete anos, cuja história está em um livro infantil adorável que minha neta de nove anos tem lido e relido: “Malala e Seu Lápis Mágico”. Professora que sou, fiquei emocionada ao vê-la e ouvi-la exaltar a importância da Educação, da revolução que é possível apenas com um lápis e um caderno.

Quando ela se referiu ao atentado sofrido, e imagens da sua difícil recuperação foram mostradas, chorei, emocionada. Senti que precisava escrever sobre isso. Porque precisamos falar sobre a Malala.

 

Cristina André

cristina.andre.gazeta@gmail.com

Publicado em 27/8/21

Comentários 2

  1. josefina Bittarello Mota says:

    Que lindo Cristina! Parabéns e obrigada por nos mostrar essa realidade que muitos desconhecem.

  2. Vera Heitor Reinhardt says:

    Excelente e lúcida análise.
    Parabéns!

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