Por que tanto ódio à “Escola”?!…

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Lendo jornais do centro do país, me deparei com matérias sobre ataques às comunidades escolares no Brasil e as preocupantes manifestações de ódio à “Escola”. Gilberto Gil disse que, à luz da psicossociologia, a visão endurecida da dimensão humana é instrumento de poder. Isso é fato! Seria este o motivo para o avanço da violência?

Certa vez, em Porto Alegre, me deparei com um grupo de “bixos” da UFRGS, saídos de uma festiva recepção de calouros. Destaco, nesse episódio, uma senhora que passava no local, que, indignada, “crucificava” os jovens chamando-os de devassos. Perguntei se ela os conhecia para afirmar isso, dizendo que ali poderiam estar nossos filhos, netos felizes pela conquista. “Essas universidades são antro de orgias e drogas”, falou ela de forma raivosa. Contrapus perguntando se ela conhecia alguma universidade para justificar o que dizia. Bah! Fui taxado de filho do “coiso”!

Ter convicção do que se desconhece é, por si só, uma credencial inquestionável do fundamentalismo ideológico e religioso. É comum ouvir pessoas emitindo opiniões agressivas às teorias de Paulo Freire, sem nunca terem lido nada desse filósofo. Freire tem suas teses reconhecidas mundialmente e largamente usadas por nações evoluídas.

E o que isso tem a ver com o ódio à “Escola”? Volto às reportagens do início, me detendo em duas delas. Primeiro a entrevista da pesquisadora Michele Prado, do Monitor do Debate Político no Meio Digital da USP (Universidade de São Paulo). “No período de 2022 e 2023, os ataques às escolas no Brasil já superaram os registrados num período de 20 anos.” Para ela, o aumento da frequência dos ataques no país é fruto de um processo de radicalização online em massa que atinge principalmente o público jovem.

Nessa conjuntura, qual seria o real motivo das reações à implementação de uma legislação que só se propõe regular uso, responsabilidade e transparência da internet?

A pesquisadora da Unicamp, Danila Di Pietro, assim como o grupo liderado pela professora Telma Vinha, consideram que o aumento no número de ataques às escolas nos últimos anos está relacionado, também, ao avanço da cultura da violência. Segundo Di Pietro, de cinco anos para cá, passamos por uma banalização da violência. O uso de armas de fogo, de discurso de ódio, separatista, racista, misógino, homofóbico, até por autoridades oficiais, ganhou escala pública. Afirma que tudo isso faz com que as pessoas que cultivavam esses valores no seu ambiente privado passem a ganhar espaço público e “notoriedade”.

A educação é o melhor caminho para reverter esta realidade. Ela é uma ferramenta de mudança, de promoção de igualdade social, que desenvolve conhecimento, competências, atitudes e valores necessários para progresso no comportamento que permitam prevenir conflitos e violência. A “Escola” é o centro das transformações sociais. A educação liberta! Seria essa a origem de tanto ódio?…

Segundo Victor Hugo, o senso comum não é resultado da educação, mas, sem dúvida, a educação é o resultado do senso comum. É um instrumento ideal para aprimorar as habilidades cognitivas que todos nós certamente abrigamos.

“Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência.” (Karl Marx)

 

Túlio Carvalho

tulioaac@gmail.com

Publicado em 5/5/23

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