Politicamente Chato

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O mundo está cada vez mais chato. E boa parte disso se deve à adesão do politicamente correto. Ser politicamente correto é abdicar dos seus próprios pensamentos e conceitos para se adequar a um padrão estabelecido por um determinado grupo de pseudo intelectuais mal-humorados. Ou seja, se você quiser ser aceito por esse grupo, tem que falar aquilo que o grupo quer ouvir. O politicamente correto é uma falácia. Um festival de intolerâncias. Fora da medida, ele torna o convívio social quase insuportável. De uns tempos para cá, quase tudo é preconceituoso. Quase tudo é racista. Quase tudo é homofóbico. O paradigma do politicamente correto é politicamente chato.

Por esse motivo, nesse Natal que se aproxima, os lares do mundo devem observar alguns detalhes para que o presépio, enfim, se torne mais inclusivo e laico. Portanto:

– O uso de animais está definitivamente proibido para evitar maus tratos. A utilização de uma vaca, de um burro, de ovelhas e cabras seriam escolhas unilaterais perante as outras espécies. Antidemocrática acima de tudo.

– Também não deve haver a Virgem Maria porque as feministas entendem que a imagem da mulher não pode ser explorada dessa maneira;

– O carpinteiro José, nem pensar: o sindicato reivindicou – através de um carro de som – que tal função incide numa jornada exaustiva sem a devida compensação financeira. E caso a proposta não seja aceita, há chances de uma operação tartaruga ou até mesmo de uma paralisação junto às carpintarias do mundo;

– E o Menino Jesus? Claro que não, né? Por que ‘menino’ se ainda não foi dada à criança a opção de escolher o gênero com que ela melhor se identifica?

– Reis Magos??? Na, na, ni, na, ni. Por serem migrantes, provavelmente muçulmanos e um deles ainda é negro, trata-se de uma discriminação racial absurda e de cunho xenófobo;

– Os tradicionais presentes levados ao Menino Jesus estão terminantemente proibidos. Isso por quê: o ouro é um elemento químico raríssimo e não-renovável; o insenso, utilizado em ritual de sacrifícios; e a mirra, óleo de unção obtido através de espécies nativas e utilizadas para preparar os corpos para o sepultamento.

– Anjos? Impossível. Seria uma ofensa para os ateus e outras crenças religiosas;

– A palha da manjedoura também está vetada: o PCCI não foi aprovado pelo Corpo de Bombeiros em função do material ser altamente inflamável e por não corresponder às Normas Europeias de produção de palhas especializadas sem a garantia de fiscalização de  mão-de-obra infantil ou condição análoga à escravidão;

– A cabana. Essa pode, desde que atenda a alguns princípios e critérios: precisa, necessariamente, ser construída com madeira controlada a partir de fontes consideradas como aceitáveis e que possam ser misturadas com material certificado por normas e padrões internacionais. Deve conter farta sinalização refletiva de ‘saídas de emergência’ com portas que abrem para fora além de rampas de acessibilidade.

Em breve, divulgarei aqui alguns cuidados que deveremos ter – dentro dos conceitos do politicamente correto – para que possamos receber ao bom velhinho, o Santa Clauss, o velho Noel. Mas deixo um spoiler: as notícias não são boas…

 

Daniel Andriotti

Publicado em 22/11/24

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