Chega ao fim mais um ciclo de revolução completa do nosso planeta em torno do sistema solar. E que revolução!!!! Ano difícil esse, hein??? No entanto, em relação ao mesmo período do ano passado tivemos, é verdade, um fio de esperança a mais nas questões envolvendo o distanciamento – não o social, mas o – da morte com o avanço da vacinação, ainda que lenta e gradual diante da nossa necessidade e das nossas expectativas. De resto, as decepções de sempre: principalmente com a política, com a economia, com a escassez de dinheiro e com a esperança de dias melhores. E vai piorar, porque 2022 é ano de eleição presidencial…
Nas últimas duas décadas fui governado por presidentes que não ajudei a eleger. Mas sempre deixei muito claro que, uma vez revelado o resultado das urnas, independente do nome, do partido, da capacidade e da ideologia, eu sempre torci desesperadamente para que tudo desse certo com a sua gestão. Rezo, de joelhos, para que ele faça o melhor que puder porque afinal de contas é a teoria do “estamos no mesmo barco”, embora que para alguns exista o colete salva-vidas. Para outros, resta apenas saber nadar. E nesses últimos 20 anos só nadei… e contra a correnteza porque o dinheiro pago com os meus impostos, fruto do meu trabalho na iniciativa privada do sistema capitalista e opressor, foi canalizado para compra (superfaturada, é claro) de botes infláveis e coletes salva-vidas a fim de resgatar companheiros, provedores de campanha, simpatizantes e correligionários. As absolutas semelhanças entre esquerda e direita se dão em torno dos interesses dos indivíduos versus o papel do governo. Traduzindo: grande parte da falta de solução para os problemas do Brasil – além da interminável e avassaladora corrupção – está no fato que tem sempre uma parte da população torcendo para o país dar errado porque o seu candidato perdeu a eleição.
Repito: esse é um ano eleitoral. Por isso, conchavos políticos de um modo geral e conforme ensina a nossa história, são tramoias entre quadrilhas e quadrilheiros para conquistarem o poder e excercê-lo de acordo com seus interesses. Semana passada fomos surpreendidos (será???) com a informação de que Geraldo Alckmin estaria saindo do PSDB – partido que ajudou a fundar – para se colocar à disposição do PT como vice de Lula. E então, percebi que o desastre moral extrapolou todo e qualquer capricho poucas vezes visto neste país, mesmo que num ambiente político onde já se teve de tudo. Não existe um minúsculo pingo de sinceridade em qualquer tipo de promessa que Alckmin possa estar fazendo ao PT. Os fatos negativos que tornaram Lula o que ele é hoje – inclusive os que o levaram à cadeia – não desapareceram; continuam todos aí, do mesmo tamanho. Mas Alckmin decidiu que eles não existem mais.
Por sua vez, Lula também não acredita em nenhum agrado que recebe do parceiro, mas aceita todos – para quem já pediu a benção de Paulo Maluf, esses poemas ao fingimento são a coisa mais natural do mundo. Eis aí, à vista de todos, o maior conto do vigário que está sendo aplicado no eleitor brasileiro na futura campanha eleitoral.
E há um outro extremo: o de um presidente das ilusões perdidas, que renuncia à ciência e tenta se reeleger muito mais às custas dos erros do seu adversário no passado e da consequente rejeição que isso causou em boa parte do eleitorado brasileiro do que os seus próprios méritos. E tem ainda os que não são uma coisa nem outra, mas é mais do mesmo e longe de ser a tão esperada ‘terceira via’: um filme tipo ‘velho oeste’, estrelando o bom, o mau e o feio. Tem cangaceiro, ex-juiz, ex-apresentador de programas de televisão. Abaixo deles, o povo. Extorquido e se contentando com migalhas.
Feliz ano velho, Brasil.
Daniel Andriotti
Publicado em 31/12/21