Mickey, Fada do Dente, Coelhinho da Páscoa, ScoobyDoo, Tom & Jerry, Os Sete Anões, entre tantos outros, podem ser mágicos sem ser fantasias. Quando eu era criança, um amiguinho ‘da onça’ – e, portanto, estraga-prazeres – me disse que Papai Noel, o Santa Clauss, o bom velhinho… não existia. Punhalada nas costas.
Refeito do golpe, percebi que talvez essa ‘maldade’ tenha sido determinante na minha conduta profissional. Só que não levei o ensinamento muito a sério. Mas os grandes empreendedores desse planeta levaram. Eles seguiram acreditando em Papai Noel. Todos. Eram crianças grandes e sonhadoras que imaginavam coisas mágicas e impossíveis. A história da humanidade mostra que as pessoas sensatas se adaptam ao mundo. E, nesse caso, a afirmação ‘bombástica’ daquele amigo me transformou numa delas. Por outro lado, as pessoas insensatas tentam adaptar o mundo a elas. E isso faz toda a diferença porque significa que o progresso da ciência se deve às criaturas insensatas – e os empreendedores fazem parte desse grupo.
Walt Disney é uma dessas pessoas que garantiram um novo espaço no mundo graças à transformação emocional dos seus clientes. Ele dizia: “eu prefiro as coisas impossíveis pois nelas tenho menos concorrentes”. E criou o maior estúdio de animação de Hollywood e o maior parque de entretenimento do planeta, a Disneylândia, estabelecida na Califórnia, mas com filiais na França, no Japão e em Hong Kong. Sua matéria-prima? Encantamento e magia. Ele investiu tudo no Mickey – um rato, mesma espécie do Jerry, criado pela dupla de cartunistas Hanna & Barbera. Qual ser humano normalmente criaria um império a partir de um bicho considerado nojento para a maioria das pessoas? Hoje, amamos tanto o Jerry e o Mickey que até esquecemos que eles são ratos. E a Minnie, a namorada do Mickey, tão dócil e simpática quanto ele, também é uma rata. Eles falam e têm um cachorro, o Pluto, que não fala. Ambos são amigos do Pato Donald que é sobrinho do Tio Patinhas. E tem também o Pateta, que é outro cachorro e também fala, mas que namora uma vaca: a Clarabela. Portanto, quem aposta no Papai Noel são aquelas pessoas que mudam o mundo porque acreditam em realidades que não existem. E fazem a humanidade avançar a partir de coisas que, até então, ninguém acreditava.
Por tudo isso, deduzi que Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, Fada do Dente, Mickey, Minnie, Pateta, ScoobyDoo residem em algum lugar da alma humana onde as coisas e as pessoas comuns não conseguem chegar. Assim como habitava o coração de Walt Disney, Papai Noel morava na alma de Steve Jobs, quando este criou a Apple. Que homem sério batizaria a sua empresa com o nome de “maçã”???. O bom velhinho também está na mente de Mark Zuckerberg, criador do Facebook, a maior ferramenta de network do mundo e que depois acabou adquirindo o WatsApp. E assim foi com Bill Gates, da Microsoft; com Jeff Bezos, da Amazon; Larry Page, do Google; Fred Smith, da Fedex; e brasileiros como Sílvio Santos, Roberto Marinho, Luíza Trajano, entre tantos outros – gênios empreendedores que preferem o anonimato, mas que viraram referências porque foram capazes de escrever muito mais do que inocentes cartinhas.
Pense nisso: quem não acredita em Papai Noel ganha presente. Quem acredita, ganha o futuro.
Daniel Andriotti
Publicado em 10/12/21.