Sou professora da Rede Pública Estadual há quase 30 anos, sendo a metade destes dedicados à orientação educacional.
No final de 2020, em plena pandemia, recebi o convite da coordenadora Regional de Educação, Vera Lúcia Almeida, então titular da 12ª CRE, para assumir a direção da Escola Estadual de Ensino Fundamental Frederico Linck, localizada na área urbana de Guaíba, que durante muitos anos foi protagonista no Ensino Fundamental da Rede Pública. Na falta de candidatos, aceitei o desafio.
Assumi a Escola com 112 alunos. Em um ano de gestão, chegamos a ter 238 matriculados, um crescimento de mais de 100%, reconhecido e celebrado pela comunidade. A Escola foi revitalizada com muito amor, trabalho e poucos recursos.
Nossa batalha ampliou-se então pela reativação dos anos iniciais no Linck. Visitamos a comunidade e verificamos que muitas crianças do entorno estudavam em escolas distantes, algumas tendo que fazer uso de transporte escolar, transporte público ou até mesmo fazer o trajeto a pé para conseguir estudar. Pais preocupados com a segurança das crianças, gastos desnecessários com transporte, tudo isso tendo uma escola na rua de suas casas.
Infelizmente, apesar dos nossos esforços e da procura por matrículas, recebemos a negativa da 12ª Coordenadoria Regional de Educação quanto à abertura de novas turmas. Fomos informadas que a Secretaria Estadual da Educação não tem como objetivo reabrir turmas de Ensino Fundamental, pois essa é uma responsabilidade do município prevista na LDBEN e que os alunos que se pré-inscreveram conosco, mesmo morando na rua da Escola, deveriam procurar a Rede Municipal para garantir suas vagas.
Precisamos da sua ajuda para tentar mudar essa situação. Não vamos desistir da nossa Escola! Não vamos abandonar nossa comunidade!
Recusamo-nos a crer que todo o nosso empenho e esforço na revitalização da Escola não tiveram qualquer valor. Não estamos lutando por salários, ou por vantagens pessoais… Queremos apenas manter o direito dessas crianças de estudarem próximo de suas casas, em uma escola limpa, bonita, acolhedora, bem-organizada, e com profissionais competentes para atendê-las.
Já nos tolheram um turno de trabalho (estamos funcionando apenas tarde e noite); já reduziram nossas turmas ano após ano. Agora, querem simplesmente encerrar os anos iniciais. O que virá depois? O abandono? O fechamento? A municipalização?
Se a Prefeitura de Guaíba já opera com falta de vagas na Educação Infantil, por que o Governo do Estado não pode continuar oferecendo o Ensino Fundamental em suas escolas?
Se perdermos o 5º ano agora, em 2023 será o 6º ano e assim, sucessivamente, até a extinção da Escola. Quem está pensando na comunidade?
A luta é árdua e ferrenha, além de muito injusta. De um lado, toda a “máquina” de assessores e especialistas da Rede Estadual, do outro, uma comunidade esquecida pelo poder público. Precisamos de ajuda!
Claudia Figueiró Souza
Diretora – ID 1767194/01
Foto: LA/Gazeta
Publicado em 11/2/22