Há gente de toda parte no Brasil. E nós, os habitantes dessa terra generosa, descendentes do mundo, seguimos de braços abertos aos que por aqui desembarcam. Extravagante miscigenação é o que somos, filhos legítimos desse grandioso laboratório de raças que se pôs esparramado pelo jovem continente. Carregando africanidades e toques indígenas; traços europeus, por vezes árabes; um pouco asiáticos, outro pouco polares; assim surgimos como povo, o brasileiro.
Em terras daqui, são muitos os dias ensolarados, de céu azul cristalino e sol quente, convites às paradisíacas praias, pés descalços na areia, pensamentos despreocupados e coração feliz. Até que nos encontre algum alaranjado entardecer, anunciando estrelas e luares próprios do romantismo, noites inesquecíveis.
Os carnavais, nossas óperas de surpreendentes enredos em um show de cores e lantejoulas. Passistas vestem paetês, mestre-sala e porta-bandeira colocam plumas e pedras no asfalto; abrem-se alas ao som de sambistas. Desfiles varam as madrugadas, cuícas e agogôs abrindo passagem à tropical monarquia, fazendo-nos súditos por livre escolha.
Sorriso aberto e plantando esperança, assim seguimos nós, os filhos legítimos da Pátria Amada Brasil. Acreditando na felicidade ao sabor de arroz-com-feijão, que nos alimenta o corpo e a alma.
Matas e florestas vistas do espaço, infinitas reservas de verde vida, gigantesca usina a oxigenar os ares do Planeta. Rios imensos que se atrevem mapa adentro, abrindo caminhos, deixando afluentes, cortando aldeias, regando flores e lavouras. Ribeirinhos, para sempre arrebatados por tamanha natureza, contam lendas de seres encantados que se escondem nas águas.
Neste país que é nosso, metrópoles se impõem com modernidade; nas largas avenidas, musicalidade latente a se manifestar, faceira, na diversidade de caminhares; nos estádios, dribles trigueiros de grandes craques. Em lugares regionais que são nossos, conversas animadas, risos soltos, abraços e mãos se encontrando em cumprimentos sinestésicos. Casais trocando olhares, demonstrando sentimentos ao mundo.
É terra de plantar esperança, o Brasil. Espera-se colheita de felicidade, haja o que houver, neste lugar de gente fraterna, que se comove e se ajuda; de famílias que passeiam pelos parques, de crianças que brincam nas areias fofas das praias. Nação dos acenos e sorrisos espontâneos, dos reencontros saudosos, de faceirice compartilhada; nascedouro de amizades instantâneas.
Gente de toda parte vive na Pátria Amada Brasil. E nós, os filhos legítimos desse extraordinário laboratório de miscigenação, seguimos assim, braços abertos ao mundo, sorrisos soltos, encantados com a grandeza dessa simplicidade. Saboreando o magnífico arroz-com-
feijão, que nos alimenta o corpo e a alma. Plantando esperança na certeza de que colheremos felicidade.
Cristina André
cristina.andre.gazeta@gmail.com
Publicado em 09/9/22