Aos 63 anos de idade, nunca presenciei nada parecido com a tragédia que assola o Rio Grande do Sul, mais especificamente Guaíba e Região. E também nunca testemunhei tanta solidariedade e empatia.
Esta coluna é dedicada a todos que, de alguma maneira, estão ajudando no resgate e no acolhimento das pessoas atingidas pela cheia histórica.
Número expressivo de mulheres, homens e jovens estão envolvidos, de corpo e alma, nesta luta para salvar vidas e levar conforto aos que sobreviveram apenas com a roupa do corpo molhada. Gente que saiu de sua casa para trabalhar em abrigos emergenciais; para fazer comida; receber e distribuir donativos. Há quem teve a casa alagada e, mesmo assim, se jogou na linha de frente para ajudar, como o Fabrício Carvalho, por exemplo.
Os voluntários estão em barcos e motos aquáticas, buscando pessoas e animais em telhados, caminhando com água suja na altura do peito à procura de sobreviventes.
Centenas de famílias abriram suas casas para receber desalojados que perderam tudo.
Nas minhas andanças para fazer as reportagens que estamos divulgando na Gazeta Centro-Sul, seja por meio de edições digitais como esta ou nas redes sociais do Jornal, vi gente abraçando gente, carregando no colo, esticando a mão, separando roupas, oferecendo comida, água e cobertor. Quanta gente se doando pelo próximo bem na minha frente! Não assisti pela TV, testemunhei ao vivo, de verdade.
Além dos voluntários, almas diferenciadas que se envolvem por amor ao próximo, muitos profissionais estão arriscando a própria vida para salvar pessoas que não conhecem, para cumprir a missão seja onde e como for.
Enquanto escrevo esta coluna, helicópteros cruzam o céu de Guaíba, transportando pessoas, alimentos e água. Em solo, igrejas, escolas e entidades estão lotadas de pessoas acolhidas. Na água marrom, barcos de todos os tamanhos e motos aquáticas circulam em missões de resgate.
Sim, tem politicagem inserida no quadro, gravações de vídeo em excesso; gente sem noção, verdade. Têm, também, indivíduos furtando casas abandonadas e inundadas, golpistas tentando se dar bem e um combo de chinelagem, mas isso desaparece perto da solidariedade e da empatia que estou presenciando todos os dias.
A criminalidade deixo para as autoridades competentes, que estão fazendo o seu trabalho (ver reportagem nesta edição). Meu foco aqui, nesta coluna específica, é ressaltar o trabalho dos voluntários e dos profissionais que estão na linha de frente nesta operação de salvamento. Obrigado e parabéns!
Temas a serem tratados
Há temas relevantes neste contexto trágico que precisam ser tratados, como os alagamentos no Loteamento do Engenho e no Bairro Santa Rita, em Guaíba, por exemplo. Mas isso, no momento certo, quando o último sobrevivente estiver seguro.
Visitas em Guaíba e Eldorado
Nesta quinta-feira, 9, Paulo Pimenta, da Secretaria Especial de Comunicação Social do Governo Federal, e Walter Góes, do Ministério do Desenvolvimento Regional, visitaram Guaíba e Eldorado do Sul. Segundo a Prefeitura de Guaíba, eles entregaram doações do Governo Federal, como purificadores de água.
Vamos apurar para ver o que veio para os municípios e depois divulgar. Não recebemos informações completas sobre este apoio.
* Recomendo a leitura do Editorial desta edição especial da Gazeta Centro-Sul
Leandro André
Publicado em 10/5/24