Estamos em agosto que, não por acaso, rima com desgosto. O mês do cachorro louco.
Aliás, caro leitor, um pouco de cultura inútil não faz mal a ninguém: você sabe por quê agosto é o mês do cachorro louco? A origem disso é que, supostamente, trata-se do mês com maior incidência de as cadelas entrarem no cio em função de uma série de fatores que agora, não vem ao caso. Assim, os machos em conflito brigam entre si pela disputa das namoradas. E isso seria responsável pela proliferação da raiva canina durante esse mês pois a doença é transmitida quando um cão infectado morde o outro. Os animais, então, costumam espumar pela boca contribuindo para que ganhem a fama de ‘loucos’.
Outra: segundo a crença popular era nesse mês que um grande dragão cruzava o céu de Roma expelindo fogo pelas ventas. Na verdade, era apenas o conjunto de estrelas da constelação de Leão, mais visível nesse período. Para o deleite dos supersticiosos, a história do mundo realmente registra fatos negativos para esse oitavo mês do calendário gregoriano: o início dos conflitos entre católicos e protestantes na França (Noite de São Bartolomeu), a erupção dos vulcões Vesúvio e Krakatoa (que mataram milhares de pessoas), a ascensão de Hitler ao poder na Alemanha – e todo mundo sabe no que isso resultou; além do lançamento das bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki na segunda guerra mundial… entre outras desgraças.
E no Brasil: 24 de agosto – o mesmo dia em que Getúlio Vargas cometeu o suicídio em 1954 – é o dia do diabo. Coitado do Getúlio. Para quem ‘enforcou’ algumas aulinhas de história, o mês de agosto registra também coisas terríveis ocorridas em diferentes épocas e envolvendo figuras públicas que tiveram o destino do país nas mãos. Em 1961 tivemos a renúncia de Jânio, o presidente Vassourinha, com apenas seis meses de mandato. Em 76, a morte de JK, num ‘pseudo’ acidente de automóvel na Dutra. Collor renunciou em dezembro de 92, mas seu processo de impeachment foi aberto em agosto. Em 2014, o desastre aéreo do então candidato à presidência da república, Eduardo Campos; e em 2016 a presidenta Dilma teve seu mandato cassado. Tudo em agosto. Como forma de superstição isso não possui respaldo nenhum. Agosto é um mês como qualquer outro, nem melhor nem pior.
Neuroses e coincidências a parte, agosto é um mês como qualquer outro. No entanto, essa pandemia nos fez viver os dois últimos anos mais trágicos da humanidade nesse século. Deus queira que nunca mais tenhamos – de janeiro a janeiro – um período tão catastrófico.
* * *
Em meio a tantos, graves e inúmeros problemas que o Brasil enfrenta – como se não bastasse o teatro de fantoches e factóides que é a CPI da Covid no Senado – o assunto que mobilizou os integrantes da ‘bolha’ chamada Congresso Nacional nas últimas semanas foi o voto impresso ou não impresso. Sabemos que não há provas de que a urna eletrônica é factível de fraudes, mas se a esquerda tem tanto medo de tornar o voto auditável, isso me faz refletir…
* * *
No momento em que a Olimpíada de Tóquio fazia suas despedidas, o Inter aplicava inacreditáveis 4 a zero no mais caro e melhor time brasileiro da atualidade, em pleno Maracanã. O futebol, definitivamente, é uma caixinha de surpresas. Falar nisso, Messi acaba de trocar o Barcelona, clube espanhol em que jogou por toda sua carreira profissional, pelo francês Paris Saint-Germain. Vai ganhar um salário de fome: R$ 18 milhões por mês; R$ 576 mil por dia; R$ 24 mil por hora. Isso tudo, em Euros, é claro, já descontados os devidos impostos…
O Brasil tem 14 milhões de pessoas desempregadas. Desconsiderando os tantos milhões que (sobre)vivem na informalidade, outros 79 milhões tem emprego com carteira assinada, assim como o Messi. Desses, segundo o IBGE, 13 milhões ganham um salário mínimo. Essas pessoas precisam trabalhar 21 meses – ou quase dois anos – para ganharem o que o argentino vai receber em uma hora…
Daniel Andriotti
Publicado em 13/8/21.