Obrigada por Tudo, Mãe

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Aprendi a rezar com a Mãe. Ficava admirada ao vê-la fazendo silenciosas e persistentes orações em frente ao “Coração de Jesus”, que ocupava lugar especial na sala lá de casa. Pouco a pouco, aquela fé inabalável foi se tornando também a minha, plantada e regada pelo exemplo que sempre fiz questão de seguir. Ela jamais deixou de acreditar no milagre da vida.

Foi também por sua influência que, ainda criança, eu já sabia colocar pontos nas agulhas de tricô e fazer minúsculas mantas para aquecer as bonecas, todas cuidadas com carinho, do mesmo jeito que crescemos eu e meus irmãos. Me impressionava a concentração e a agilidade que ela tinha com os fios de lã, transformando novelos em casacos e blusões que vestíamos em rigorosos invernos, boa tricoteira que era.

Em minhas orações, agradeço pela Mãe que tive. E peço a Deus que me faça parecida com ela, mulher corajosa e de coração bondoso, entusiasmada com a vida, sorriso franco e fé inabalável.

Aprendi a cozinhar com a Mãe. Todo dia, ela preparava nossas refeições sem preguiça, se entusiasmava com as novidades postas à mesa especialmente para a família, criava e anotava receitas. No vaivém de panelas entre os dois fogões, um a gás e outro a lenha, afirmava fazer economia e calefação, tudo para o nosso bem-estar. Nunca se queixava dos seus afazeres domésticos, era uma perita na arte culinária.

Esposa dedicada, foi a companheira de todos os momentos do Pai. No interiorano armazém de secos e molhados que tiveram, ela media tecidos e rendas, pesava feijão a granel, organizava gavetas. Fazia contas com facilidade, calculava porcentagens e descontos apesar de pouco ter frequentado a escola.

Aprendi preciosas lições com a Mãe. No seu modo simples de encarar a vida, cheia de gratidão, me ensinou a desmistificar as dificuldades e agigantar cada pequena conquista. Compartilhando seu dia a dia, testemunhei a atenção que dava aos parentes, dedicando-lhes cuidados especiais. Aos amigos, doces caseiros recém-feitos para demonstrar o quanto se importava com todos eles.

Preocupada com o nosso futuro, acreditava que a chave de tudo estava na boa educação. Não poupava esforços para que tivéssemos todo o material escolar necessário, ficava contente quando estávamos lendo, gostava de nos ver tocar e cantar feito família dó-ré-mi.

Aprendi a ser feliz com a Mãe. De tanto observá-la, me fiz também sorridente e rezadeira, arrumo a mesa com gosto, quero a família sempre reunida, adoro as cantorias e os cálculos.

É pelo seu exemplo que sigo, vida afora, me esquivando dos queixumes, me agigantando de esperança.

Obrigada por tudo, Mãe.

Cristina André

cristina.andre.gazeta@gmail.com

Publicado em 12/5/23

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